ATA DA SEGUNDA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 11.01.1989.
Aos onze dias do mês de
janeiro do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Segunda
Reunião Ordinária da Primeira Comissão Representativa da Décima Legislatura.
Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Artur Zanella, Clóvis Brum, Décio
Schauren, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta,
Luiz Machado, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson
Santos e Wilton Araújo, Titulares, e Airto Ferronato, Cyro Martini, Dilamar
Machado, Elói Guimarães, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, José
Valdir, Leão de Medeiros, Letícia Arruda e Nelson Castan. Constatada a
existência de "quorum", o Sr. Presidente declarou abertos os
trabalhos e solicitou ao Ver. Vieira da Cunha que procedesse à leitura de
trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da
Primeira Reunião Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo
Ver. Giovani Gregol, 01 Indicação, sugerindo ao Governador do Estado que,
através da Secretaria da Saúde e Meio Ambiente seja realizada análise
bacteriológica da fonte de água mineral da Empresa Mineração Nevada, localizada
na Rua dos Açorianos, Município de Canoas, assim como exames bacteriológicos em
todas as marcas de água mineral, comercializadas no Estado; pelo Ver. Isaac
Ainhorn, 01 Pedido de Providências, solicitando que seja trocada lâmpada
queimada na Av. Bagé, em frente ao nº 782; pelo Ver. João Dib, 02 Pedidos de
Providências, solicitando que sejam reeditados os volantes que informavam à
população normas expedidas para a prevenção de incêndio, em campanha realizada
em 1979/1980, com patrocínio do comércio e indústria; que sejam realizadas
capina, limpeza de valas e recolhimento de lixo na Av. Praia de Belas, trecho
compreendido entre as Ruas Pery Machado e Comendador Rodolfo Gomes (lado
direito sentido Centro/bairro), pelo órgão competente do Município; 01 Pedido
de Informações, acerca dos valores existentes a crédito da Prefeitura Municipal
de Porto Alegre, a qualquer título, nas diferentes Instituições Financeiras, às
dez horas do dia dois de janeiro de 1986, bem como o valor existente em Caixa
na Prefeitura Municipal e do resíduo do ICM repassado pelo Estado à Prefeitura
Municipal de Porto Alegre naquele mês; pelo Ver. Vicente Dutra, 04 Pedidos de
Providências, solicitando canalização pluvial na Rua Corte Real nº 501; troca
de bico de luz na Rua Gen. Barreto Viana, próximo ao nº 339; transferência da
feira livre que se instala semanalmente, na Rua Orfanotrófio; troca de dois bicos
de luz queimados na Rua Gen. Cunha Louzada, 55; pelo Ver. Wilson Santos, 15
Pedidos de Providências, solicitando proibição de estacionamento de caminhões
na Rua Santos Dumont, lado direito, sentido bairro/Centro, quadra entre a Rua
Moura Azevedo e Rua do Parque; extensão de rede de água na Rua Kanazawa, lº
Beco; desobstrução de boca-de-lobo na Rua Vieira da Silva, frente ao nº 152;
colocação de um quebra-molas na Rua Baden Powel, em frente ao portão da Escola
Estadual de lº e 2º Graus Presidente Arthur da Costa e Silva; colocação de uma
linha de táxi-lotação para servir a comunidade do Bairro Jardim Barão do Cahy;
colocação de uma linha de táxi-lotação para servir à comunidade do Parque
Minuano, passando pela Rua Baden Powel, onde funciona a E.E. de lº e 2º Graus
Arthur da Costa e Silva; funcionamento do ônibus Parque Minuano, Linha 11-A,
aos sábados e domingos; colocação de uma placa de carga e descarga na Rua
Abaeté, frente ao nº 19, Casa de Carnes Antoninho; colocação de coletora de
lixo, tamanho grande, na calçada da subestação da CEEE, na esquina da Av. Pará
com Pátria, com recolhimento diário; substituição de luminária queimada na Rua
F, em frente aos nºs 60 e 80 do Conjunto Habitacional Jardim do Sol, Av. Assis
Brasil, 5815; instalação de uma linha de ônibus ou táxi-lotação que, em seu
itinerário percorra a Rua Taquari, na ida e na volta; aterro nas áreas mais
baixas do Parque Mascarenhas de Moraes; colocação de um maior número de
luminárias e poda das árvores na Rua Baden Powel; recolhimento sistemático do
lixo na Rua das Paineiras; iluminação na praça situada entre as Ruas Sílvio
Sanson, Algarve e Lila Ripoll. Do EXPEDIENTE constaram: Ofício nºs 838; 839;
840/88, do Sr. Prefeito Municipal; 193/88 da Câmara Municipal de Piedade, SP;
552/88, do Presidente da Assembléia
Legislativa; 1587/88, do Banco Meridional; 01/89, da Câmara Municipal de Capão
da Canoa; 01/89, do Gabinete do Governador; 02/89, do Gabinete do Governador.
Após, o Sr. Secretário procedeu à leitura de comunicação do Ver. Luiz Braz,
informando seu desligamento do PMDB e ingresso no PTB. Em prosseguimento,
constatada a existência de "quorum", foram aprovados os seguintes
Requerimentos: do Ver. Artur Zanella, de Voto de Congratulações com a Revista
Rio Grande Cultura da Feplam, por sua 1ª Edição; de Voto de Pesar pelo
falecimento do Padre Milton Valente; do Ver. Ervino Besson, de Voto de
Congratulações com a nova Presidente
do Conselho Geral de Clube de Mães de Porto Alegre, Sra. Iole Zanim, 1º
Vice-Presidente, Sra. Nilza Coral, 2º Vice
Presidente, Sra. Eva Cabral e demais membros da coordenadoria Executiva, por
suas posses; do Ver. Flávio Koutzii, de Voto de Pesar pelo falecimento de
Geraldo Burmeister; do Ver. Isaac Ainhorn, de Votos de Congratulações com a
nova Diretoria da ECIBRAS, Entidade Comunidade Israelita Brasileira; com o
Jornalista Clóvis Duarte, pela passagem do aniversário do programa Câmara Dois;
com Tulio Milman, pelo 2º lugar
obtido na categoria Jornalismo Universitário, na premiação anual da ARI; com o
Jornal da Comunidade, pelo aniversário de fundação; de Voto de Pesar pelo
falecimento de Yeshaiahu Wainer; do Ver. Nelson Castan, solicitando
constituição de uma Comissão Especial para acompanhamento, junto ao BRDE,
Governo do Estado, Assembléia Legislativa e demais forças vivas do Rio Grande
do Sul, das gestões para a permanência integral da estrutura atual do BRDE, no
prazo de cento e vinte dias a contar de sua instalação; do Ver. Valdir Fraga,
de Voto de Pesar pelo falecimento de Tereza Zago Jardim; do Ver. Vieira da
Cunha, solicitando a realização de uma Sessão Solene no dia vinte e cinco de
agosto do corrente, em homenagem aos vinte e oito anos da Legalidade; do Ver.
Wilton Araújo, de Voto de Pesar pelo falecimento de Jussara Madruga. Ainda, foi
deferido pelo Sr. Presidente Requerimento do Ver. Nelson Castan, de Moção de
apoio à permanência, na sua integridade, do BRDE, repudiando a omissão culposa dos Executivos
Estaduais do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, seu maior acionista,
inclusive repudiando as tentativas desses governos em fracionar a Instituição.
Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Adroaldo Corrêa discorreu sobre a morte de Geraldo
Burmeister, hemofílico vítima da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida,
analisando o precário processo de atendimento de saúde em nosso país. Disse que
a atual administração municipal
deverá dar especial atenção à saúde da população. O Ver. Artur Zanella comentou
proposta do Executivo Municipal, de cobrança do IPTU em oito parcelas. Defendeu
a locação de carros pelo Município, destacando que a manutenção de veículos
pelo Executivo acarretaria gastos maiores que a locação. Falou sobre o Fundo de
Previdência dos Vereadores de Porto Alegre. Comentou nota distribuída à
imprensa pelo PT, acerca de pronunciamento feito dia cinco do corrente, pelo
Ver. José Valdir. O Ver. Clóvis Brum declarou já ter encaminhado anteriormente
telex à Secretaria de Saúde e ao Executivo Municipal, visando a realização de
levantamento na orla do rio Guaíba, quanto aos problemas decorrentes do uso
dessa área por banhistas, salientando esperar a agilização desse levantamento
pelo atual Secretário do Meio Ambiente. Teceu comentários sobre o fundo de
Previdência dos Vereadores, defendendo a contribuição facultativa para o mesmo.
O Ver. João Motta reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Artur
Zanella, acerca do IPTU cobrado no Município, discorrendo a respeito de
proposta do Executivo de cobrança desse imposto em oito parcelas. Comentou o
anúncio, pelo Governo Federal, do assim conhecido "Plano de Verão",
falando da crise que enfrenta o país e que, segundo o ex-Ministro Mário
Henrique Simonsen, estaria embasada principalmente no déficit público. O Ver.
Isaac Ainhorn falou de notícias veiculadas na imprensa, de decisão do Prefeito
Municipal de fechar a Av. Beira Rio para tráfego de veículos, declarando que
uma medida nesse sentido deveria merecer a consulta de todos os segmentos
envolvidos na questão e analisando o significado dessa atitude dentro da linha
política defendida pelo PT. O Ver. Flávio Koutzii teceu comentários sobre a
ideologia de trabalho a ser assumida pelo PT na administração pública,
declarando que as medidas de contenção de despesas, tomadas pelo Executivo
Municipal, não tem um sentido demagógico, mas de busca de credibilidade da
administração. Disse que sua Bancada não pretende Participar do Fundo de
Previdência dos Vereadores, analisando o assunto. Discorreu sobre o fechamento,
aos fins de semana, da Av. Beira Rio. O Ver. Ervino Besson, comentou os
constantes aumentos do trigo. Salientou a necessidade desta Casa contar com uma
lancheria apropriada para servir aos funcionários, haja vista que muitas vezes
os horários de trabalho prolongam-se até altas horas, criando problemas para os
funcionários que permanecem na Casa. O Ver. João Dib reportou-se ao pronunciamento
do Ver. Isaac Ainhorn, acerca do fechamento da Av. Beira-Rio, dizendo-se
contrário a esse fechamento. Atentou para o fato de que a pavimentação dessa
Avenida não está resistindo ao tráfego de caminhões pesados, solicitando a
verificação dessa informação, para que a empreiteira possa ser responsabilizada
pelo desgaste. Dizendo que encaminhará à Casa Requerimento para constituição de
uma Comissão Especial para discussão do problema de destinação do lixo da
Cidade, destacou a necessidade de soluções concretas para o problema. O Ver.
Luiz Machado comentou matéria publicada no Jornal Zero Hora acerca do
assassinato do livreiro Renato Almeida Martins, criticando o jornalista que fez
a matéria, por envolver a pessoa física do suspeito com a entidade carnavalesca
Estado Maior da Restinga. Falou sobre o Fundo de Previdência dos Vereadores,
dizendo ser favorável ao mesmo e analisando os motivos de tal posicionamento.
Manifestou-se contrário ao fechamento da Av. Beira-Rio aos sábados e domingos.
O Ver. Vicente Dutra falou da constituição de uma comissão especial para o
estudo do problema de lixo em Porto Alegre. Posicionou-se contrário à implantação de usinas de lixo, dizendo
que as mesmas são antí-econômicas e favorecem
apenas as empresas que detêm a tecnologia e que a solução para o problema
começa pela educação. O Ver. Viera da Cunha falou sobre sua administração à
testa do DMLU e o trabalho feito com catadores de lixo de Porto Alegre, visando
a reciclagem do lixo, comentando projeto de implantação de usina de lixo que
não foi viabilizado devido a corte de crédito do Governo Federal. O Ver. Wilson
Santos discorreu sobre o problema gerado pela bicicleta com motor, vendida a um
público consumidor basicamente constituído de menores, salientando decisão da
CONTRAN, que exige carteira de habilitação para veículos com capacidade de
cinqüenta cilindros. Comentou visita de usuários desse veículo, ao seu
gabinete, os quais solicitaram soluções para o problema. O Ver. Airto Ferronato
comentou relatório do ex-Ministro João Sayad, acerca da administração pública
estadual, criticando vários aspectos do mesmo, tais como o inchaço do
funcionalismo público e os problemas da CRT e do BRDE. Disse que o nosso Estado
precisa de administração mais séria, a nível de entidades gaúchas, analisando o
assunto. O Ver. Cyro Martini falou da isonomia salarial prescrita na
constituição e a preocupação dos policiais do Estado a respeito. Discorreu
sobre a colocação de uma unidade policial no Bairro Partenon, salientando a
necessidade de implantação, pelo Governo Estadual, de mais quatro distritos
policiais na Cidade, para melhorar a segurança da população. O Ver. Dilamar
Machado falou sobre a luta que sempre manteve no país, como político defensor
da democracia. Reportou-se à questão da segurança nacional, ressaltando
problema enfrentado por pessoas que cumprem pena no Presídio Central e que não
possuem meios de comunicar-se com seus advogados ou familiares e informando que
enviará indicação ao Governo Estadual, solicitando a colocação de três orelhões
naquele presídio. Comentou dificuldades enfrentadas pela Escola de Samba
Estação Primeira da Figueira, que recebeu ordem para deixar o local onde
atualmente realiza seus ensaios. O Ver. Gert Schinke falou sobre o assassinato
do sindicalista Francisco Mendes, salientando sua repercussão e dizendo que na
Europa já se fala na instalação de um tribunal ecológico, sendo Francisco
Mendes comparado a "Ghandi". Falou sobre projeto da Dep. Ecléa
Fernandes, que institui prêmio às pessoas que se destacam em defesa da
ecologia. Comentou as medidas que estão sendo tomadas pela nova administração
de Porto Alegre. Discorreu sobre telex recebido, acerca da indicação do
Escritor Fernando Gabeira à Vice-Presidência da República. O Ver. Giovani
Gregol comentou medida tomada pela SMAM, para melhoria da Praia do Gasômetro.
Falou sobre o projeto de loteamento do Morro do Osso, dizendo que foi
solicitado pelo seu Partido a retirada do mesmo, visando a preservação daquela
área. Reportando-se ao fechamento da Av. Beira-Rio, nos fins de semana e
feriados, disse que esse é um compromisso assumido pela atual administração e
comentou as condições hoje apresentadas por essa Avenida. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Ver. Adroaldo Correa reportou-se ao pronunciamento do Ver. Dilamar
Machado, sobre medidas tomadas pela SMAM contra a Escola de Samba Primeira da
Figueira, lendo nota do Titular daquela Secretaria a respeito, publicada ontem
pela imprensa. O Ver. Vieira da Cunha reportou-se ao pronunciamento do Ver.
Giovani Gregol, acerca das condições apresentadas pela Av. Beira-Rio, dizendo
que o Governo da Frente Popular deve tomar as medidas necessárias, caso seja
comprovados problemas na pavimentação da mesma. Declarou que a administração do
PDT também não era favorável a alienação de bens públicos a empresas privadas e
que se o fez foi por força da situação crítica dos cofres municipais. Lembrou
os compromissos assumidos pelo PT durante a campanha eleitoral, salientando
esperar que assim como foram cumpridos com relação a Av. Beira-Rio, também o
sejam com relação aos transportes coletivos. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver.
José Valdir lamentou a forma como foi tratado um lapso de sua autoria acerca do
nome dado ao CIEM da Vila Restinga. Abordou a questão do ensino municipal,
criticando a implantação dos CIEMs, do ponto de vista econômico e educacional e
da filosofia pedagógica dos mesmos, dizendo estarem fora da realidade
brasileira, sendo necessário um levantamento sério, com a participação das
associações comunitárias. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Artur Zanella
reportou-se ao pronunciamento do Ver. José Valdir, quanto à política
educacional dos CIEMs, discordando do mesmo e ressaltando já ter sido
comprovado que o déficit nutricional influi no aproveitamento escolar. Ainda em
COMUNICAÇÕES, o Ver. Nelson Castan discorreu sobre o apoio dado por alguns
Vereadores desta Casa a sua iniciativa de criação de uma Comissão Especial para
acompanhar o caso BRDE. Teceu considerações acerca de pronunciamento do Ver.
João Dib sobre matéria publicada no Jornal Zero Hora Dominical a respeito da
Cia. Carris Porto-Alegrense. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Dib
reportou-se ao seu pronunciamento, em Comunicações, acerca de matéria publicada
na imprensa relativa a Cia. Carris Porto-Alegrense, declarando ter embasado seu
posicionamento a respeito nos dados do relatório da administração Alceu
Collares. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do
Ver. Omar Ferri, acerca dos processos nºs 1240 e 2665/88. Nada mais havendo a
tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quatorze horas e seis
minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã,
à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga,
Isaac Ainhorn, Wilton Araújo e Adroaldo Correa e secretariados pelos Vereadores
Wilton Araújo e Adroaldo Correa. Do que eu, Wilton Araújo, 2º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Comunicado à Presidência, do Ver. Luiz Braz, da criação da nova Bancada do PTB,
nesta Casa. Informa que se desligou do PMDB, passando para o PTB, o mesmo acontecendo com o Ver. Edilberto
Morelli. Informa, ainda, o Ver. Luiz Braz, da sua nova condição de Líder da
Bancada PTB e pede providências da Casa para a instalação da nova Bancada.
A seguir,
havendo quórum, passaremos para a
Sobre a mesa vários Requerimentos para serem votados.
(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos constantes na
Ata.)
O SR. PRESIDENTE:
Passamos às
Com a palavra, o Ver. Adroaldo Corrêa. V. Exª tem 10
minutos.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, no momento em que nós ocupamos esta tribuna queremos referenciar
que a Bancada do Partido dos Trabalhadores propôs, e foi aprovado há pouco por
este Plenário, um voto de pesar pela morte do companheiro Geraldo Burmeister,
vitimado há 3 anos pela infecção da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida,
hemofílico que era, em transfusão às quais várias das pessoas, na mesma
situação em nosso País, estão expostas pela má qualidade, sabidamente existente
nos serviços de saúde e de controle da qualidade do sangue humano nas casas
hospitalares.
O quadro, - que já havia repetido, dramaticamente, a
ocorrência do falecimento do companheiro Henfil – propõe uma reflexão bastante
importante a nós, nesta Cidade, a nós brasileiros, a respeito do que significa
o processo em que todos nós estamos envolvidos em atenção à saúde, neste País,
que é dominado, no setor específico, e não neste, mas em mais de 90% pelo capital internacional naquilo que
é medicamento, serviço de saúde, seja hospitalar, seja um conjunto de outros
fatores que deveriam dar assistência a cada cidadão, neste País que tem uma
dívida social muito maior do que a dívida externa, que é de 130 bilhões de
dólares. Nós queríamos referenciar, em relação também a recente e não inusitada
ação dos fabricantes de medicamentos, o monopólio internacional dos fabricantes
de medicamentos que atua no Brasil, que rompe, mais uma vez, aquilo que
inclusive é proposto pelo Governo, que ele sustenta, que é o Governo Federal
que está aí para servir ao capital internacional e apenas isso e tão somente.
Esse, num arremedo de política econômica se propõe a desenvolver um pacto, dito
pacto social, que exclui os trabalhadores, e da prática cotidiana dos preços o
monopólio eleva acima daquilo ajustado em mesa com, também, pretensos
representantes dos trabalhadores, na medida em que a maioria das entidades
representativas realmente reconhecidas pela classe trabalhadora não aceita esse
acordo feito às costas dos trabalhadores e contra a eles. Mesmo assim, as
multinacionais, como registra a imprensa, impõem aos preços dos medicamentos um
índice de reajuste de 41,88%, 13% a mais do que o permitido pelo que seria um
acordo entre partes e que formaria o pretenso e ajustado pacto social, apenas
elaborado entre as elites. O que queríamos caracterizar, basicamente em relação
a isso, é que vamos viver, este ano, com o processo constituinte municipal, com
a perspectiva da administração municipal de verbas destinadas à área de saúde,
desde a previdência social, desde orçamentos estaduais, desde os recursos
municipais, a gestão municipal de saúde, vamos viver e ousar e convocamos a
Câmara a esta ousadia, trabalhar profundamente a assistência e a saúde em nosso
Município, na medida em que, seguramente, nos parece que nós devemos inverter
as prioridades sociais da nossa Cidade e devemos começar por este, que é um
exemplo da radicalidade que nós pretendemos desenvolver na gestão municipal.
Significa dizer que a atenção à saúde é a existência do ambiente saudável, não
apenas a existência de vagas nos hospitais, de medicamentos, porque esses
tratam de repor condições de saúde perdidas em locais de trabalho, em locais de
moradia, desumanos, infectados, existentes em nossa Cidade para muito mais do
que um terço da população. E isso que pretende ser uma ação municipal de saúde
que basicamente vai compor o programa da Secretaria Municipal de Saúde e
Serviço Social deve ser por nós acompanhado na perspectiva de ampliar as
condições de saúde aos nossos cidadãos, à Cidade de Porto Alegre para que, o
que existiu a exemplo do verificado em 1988, quando de um milhão e quinhentas mil consultas registradas no Hospital
Conceição de Porto Alegre, 80% delas sequer necessitariam ser atendidas em um
espaço hospitalar. Os ambulatórios existentes do Estado, dos serviços federais
ou do próprio Município em nossa Cidade estão desaparelhados, funcionam em
horários que não servem à população na medida em que deles necessitam ou a eles
recorrem os trabalhadores que, buscando serviço, ou não encontram plantão ou
encontram fechados. Isso é uma realidade, não apenas no último Governo, não
apenas nos últimos dez anos, mas é uma realidade construída, pratica e
deliberadamente pela política que existe em nosso País e que foi implantada a partir de 1964 de submissão de todo um
conjunto de idéias, de toda uma pesquisa, de toda uma orientação política e
social aos interesses do capital internacional. A inversão desses valores, a
busca de resgatar condições de existência num ambiente saudável, seja no
trabalho, seja no local de moradia, deve ser uma preocupação também desta
Câmara de Vereadores no seu
dia-a-dia, na sua Comissão específica, na sua ação de atenção aos organismos da
sociedade de Porto Alegre. No nosso entendimento, quando um dos primeiros atos
do regime militar, que se implantou em 1964,
foi destruir a inteligência e a pesquisa, que se constituía no Instituto de
Manguinhos, foi, justamente, com o objetivo de abrir espaço à tecnologia e às
alternativas internacionais em medicamentos e atenção à saúde, e retirar desses
espaços a possibilidade de alternativas nacionais que viessem a competir com as
necessidades da fabricação de medicamentos que existiam e existem, e se
aprofundaram, enquanto monopólio, em nosso País. Temos certeza de que saúde não
é apenas o acesso ao medicamento. Mas ele, hoje, é um dos agravantes, tanto no
preço, como na condição de fabricação pelo monopólio, pela falta de
medicamentos básicos, e a existência de um sem número, talvez mais de 35 mil,
de nomes, marcas de fantasia de medicamentos que não servem às doenças básicas
existentes entre a população brasileira e na Cidade de Porto Alegre, para os
quais seriam necessários, talvez e tão-somente, três mil medicamentos, a partir
de 350 princípios ativos.
Nós queríamos registrar, aqui, da nossa parte, que
seguramente este será um dos componentes da intervenção da Prefeitura, da
Frente Popular, e procuraremos despertar, dentro da Câmara de Vereadores, a
noção de que saúde não é apenas a atenção à doença, mas, principalmente, um
fator essencial de existência da condição humana, por onde se busca construir
um espaço saudável, seja no local de trabalho, seja no local de moradia, em
busca de uma vida melhor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Com a palavra, o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
como não existem Projetos, é bom que se discutam até alguns que estão vindo aí.
Ontem nós tivemos um debate bom com o Dr. João Verle, Secretário da Fazenda, e
alguns assuntos foram tratados, pequenas drágeas, pequenas pílulas, que se
podem colocar. Eu dizia a S. Exª
ontem, por exemplo, que o IPTU, da forma como a Prefeitura está cobrando, identifica
claramente que o Decreto apresentado, condensando esse imposto em oito meses
para o predial e em quatro meses para o territorial, vai contra o espírito da Lei aprovada nesta Casa, que era a divisão do
IPTU em doze meses, como normalmente se faz. Então, a partir do dia 15 de
março, estou com um Projeto de Lei obrigando a Prefeitura a ter doze meses para
o predial e para o territorial, porque os 600%, que não são tão poucos assim,
eram em função da divisão em doze meses. No momento em que se puxa para oito no
predial e quatro no territorial, é mais que 600% de aumento. Matematicamente
não tem escapatória. Logo, o Decreto exorbita o que preconiza a Lei. Em segundo
lugar, foi tratado o assunto dos carros locados. E vou repetir o que disse lá e
o que digo sempre: os carros locados da Prefeitura Municipal de Porto Alegre ou
de qualquer outro órgão são mais baratos, são mais eficazes, são melhores do
que os carros próprios. Estive verificando que o máximo que um carro locado
recebe, dependendo do número de horas-extras, mas o normal não chega a 300 mil
cruzados. Com isto, eles têm que pagar o carro, a gasolina, o ISSQN, os
consertos, etc. Se o carro estraga, ele é obrigado a colocar outro, enquanto,
por exemplo, o carro aqui da Casa, do Vice-Presidente, que sofreu um acidente
lá por novembro ou dezembro, sem a minha presença, diga-se de passagem, somente
com o motorista, até hoje não está pronto. Então, tem o motorista recebendo, o
carro parado, o nosso Vice-Presidente sem carro. Evidentemente isso é um custo
muito maior do que o carro locado. O que eu acho que deve ser feito é uma boa
utilização de automóvel. E não é só carro locado: os caminhões são locados, as
máquinas são locadas, há diversos ex-Diretores que podem confirmar isso. Foi
tratada, também, a questão do Fundo dos Vereadores. Novamente vou dizer a mesma
coisa que digo sempre e continuarei a dizer: quando eu cheguei a esta Casa,
esse Fundo já estava instituído, durante esses seis anos, não me lembro dos
integrantes da Frente Popular, de hoje, não me lembro do representante do PCB,
Ver. Lauro Hagemann, não me lembro do Ver. Antonio Hohlfeldt questionarem com
tanta veemência o Fundo, e tanto é que pagaram durante esses seis anos. Mas,
efetivamente, cada um tem seu próprio conceito; para mim, a questão está,
absolutamente, em aberto, e já tomei uma decisão, e como não quero prejudicar,
inclusive aqueles que já estão aposentados pelo Fundo, depois de longos anos de
trabalho, nem aqueles que precisaram do Fundo em alguma época mais dramática da
sua vida, cassados que foram, e tinham o Fundo, e como não quero ir contra a
Bancada da Frente Popular, que deseja a extinção do Fundo, ou a sua saída,
qualquer Projeto de Lei que vier a esta Casa, votarei em branco, por enquanto,
pois a favor não votarei. Por enquanto estou votando em branco, e me abstenho
de votar, porque, a final de contas, não fui eu quem criou o Fundo, não sou
aposentado, e para mim é indiferente, mas sei e confirmo que foi e é muito útil para as pessoas que, durante
muito tempo, dedicaram toda a sua vida a esta Casa. Acho que o Vereador tem que
ser de tempo integral; recebemos em tempo integral. Então, aquele engenheiro
que tem o seu escritório, evidentemente, ele não precisa de fundo nenhum; o
advogado que tem a sua banca, e continua advogando, ótimo, pois isso aqui é uma
belíssima vitrine até para que seu serviço seja mais demandado; os economistas
que têm escritório, beleza, vem aqui, à tarde, janeiro, fevereiro e março,
fazem o seu trabalho aqui, nas quartas e quintas e, efetivamente, conseguem
receber muito mais do que ganham aqui na Câmara de Vereadores, pois tem a
ilusão de aqui ser um alto salário. Então, para aqueles que se dedicam só à
Câmara de Vereadores, exclusivamente, como muitos que já aposentados estão, eu,
efetivamente acho que o Fundo é uma
coisa importante e uma coisa que eu acho que a Câmara, como empregador, lhes
deve.
Mas, encerrando, Sr. Presidente, como procuro tratar
sempre com a maior exatidão possível todos os assuntos e mais ainda os que se
referem à imprensa, eu escrevi esse texto para não haver engano. Eu hoje li na
Zero Hora que a Coordenadoria de Imprensa do PT na Câmara Municipal, contesta
determinada notícia que saiu esses dias. Na verdade eu nem sabia que existia e
agora me informa o Coordenador do PT que existia Coordenadoria de Imprensa do
PT na Câmara Municipal de Vereadores. Eu conheço o pessoal da imprensa que
trabalha para a Casa e para todos os Vereadores. Mas, diz o seguinte:
"Contesta a informação que o petista José Valdir tenha se referido ao
ex-Vereador Larri Pinto de Faria como se estivesse morto." A nota vai mais
longe, dizendo que vários administradores e ex-secretários vivos têm ruas com
os seus nomes em Porto Alegre, como João Dib, Reginaldo Pujol e o próprio
Zanella. O que é um engano. Não há ruas oficialmente com esses nomes. O que
existe é uma Lei, uma Emenda, já sancionada, que proíbe que existam ruas com
esses nomes. Por sinal é uma emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt. Por sinal, a
minha ex-rua que dava lá no Morro da Cruz e a Rua Artur Zanella, que constava
no guia dos Correios e Telégrafos, no Guia Achei, e que foi colocada lá por
alguns líderes, que por sinal trabalhavam para o PMDB, acho que a minha rua já
nem existe mais. Mas como essas pessoas, hoje, são funcionários do Governo
Estadual, trabalharam para o Dr. Antonio Britto, eu acho que até a nossa rua já
foi cassada. O Ver. João Dib nem rua era, era Beco. Mas, para deixar bem claro,
que a notícia que não foi dada por mim, diga-se de passagem, existiu e eu vou
encaminhar para a Zero Hora a copia do meu aparte. Só para V. Exª não se
induzir em erro. O CIEM a que V. Exª se refere, não é o Larry Pinto de Faria,
ex-Vereador que está muito vivo neste momento. É outro nome. O ex -Vereador Larry Pinto de Faria está muito
bem de saúde neste momento, está perfeitamente em condições físicas e boas.
Então, para deixar bem claro para a Coordenadoria do PT na Câmara Municipal ou
Coordenadoria de Imprensa do PT, fora da Câmara Municipal, que isso
efetivamente ocorre até neste aparte que ocorreu e as pessoas podem se enganar.
O Ver. José Valdir se enganou, chamou o CIEM da Vila Restinga de Larry Pinto de
Faria e aquele CIEM não é Larry Pinto de Faria. Somente pessoas já falecidas
têm nomes de escolas, CIEMs, etc. Foi um engano, mas que o Ver. José Valdir
disse, disse perfeitamente. Para que não se engane mais e aqui tem muitas
pessoas da Restinga, o CIEM da Restinga é efetivamente Larry José Ribeiro
Alves.
Para deixar bem claro o engano houve e vai haver
muitos enganos aqui, todas as pessoas se enganam e o ex-Vereador Larry aparece
homenageado num local onde só as
pessoas falecidas são homenageadas, que é a escola. Felizmente o ex-Vereador
Larry Pinto de Faria ainda não é nome de CIEM, pois está jogando o seu vôlei,
seu futebol de salão normalmente e espero, Sr. Presidente, que em outras vezes
a tal Coordenadora do PT não desminta notícias que são verdadeiras, apesar de
que aqui não há um erro, não há nada grave, mas um pequeno equívoco como muitos
que existirão nesta Casa. Entretanto, que o Ver. José Valdir citou o nome do
ex-Vereador Larry Pinto de Faria como nome de CIEM, isso citou. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver Clóvis
Brum, em Comunicações. V. Exª tem 10 minutos.
O SR.
CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nos já encaminhamos telex á Secretaria da Saúde, ao Prefeito
Municipal, ex-Prefeito Alceu Collares, no sentido de que os órgãos competentes
do Município e do Estado, agilizassem um levantamento na orla do Rio Guaíba,
próximo à Avenida Beira Rio, para evitar-se uma série de problemas decorrentes
do banho nessa área, desde a situação de poluição da água, até os riscos de
profundidade de determinados locais do rio. Isso nós já tratamos tão logo foi
inaugurada a Avenida aí do Prefeito Collares, porque prevíamos efetivamente que
poderia ocorrer uma série de acidentes. Estou certo de que o novo Secretário do
Meio Ambiente, o ex-integrante desta Casa, Caio Lustosa, possa agora agilizar,
porque segundo informações através da imprensa se observou que o Secretário do
Meio Ambiente está preocupado com a série de acidentes que já se verificaram
naquele local, ou naqueles locais. De sorte, Sr. Presidente, que nós reiteramos
aqui a agilização de medidas que possam não só esclarecer à população como
também dar segurança à população. Há uma Lei Estadual de autoria do Deputado
Sanchotene Fellice que dispõe sobre a matéria e ficando aos Municípios a sua
regulamentação. A regulamentação é específica a cada Município, porque a lei
evidentemente é abrangente, ela abrange todo o Estado do Rio Grande do Sul, de
sorte que seria de todo oportuno que o Secretário do Meio Ambiente, que a
Administração do PT, regulamentasse, enviasse para a Casa, Projeto, ou
regulamentação por Decreto, a parte que compete ao Município na aplicação da
Lei do Deputado Sanchotene Felice. É uma
lei muito importante, ela com clareza objetiva se posiciona em todos os
problemas decorrentes na área de pesca, na área de banho, na área de lazer nos
rios do Rio Grande do Sul. Acredito, Sr. Presidente, que o Secretário do Meio
Ambiente, Ver. Caio Lustosa, poderá urgentemente, aproveitando essa Lei e
regulamentando-a no que tange à Porto Alegre, resolver esse problema que me
parece ser muito sério. É um risco muito grande que a população, e notadamente
a população de baixa renda, corre quando procura uma área de lazer, uma área de
praia nas águas do Rio Guaíba, e, por vezes, águas traiçoeiras e que nos ceifam
vidas preciosas. Nesse sentido faço aqui o meu apelo ao Prefeito Olívio Dutra e
ao Secretario do Meio Ambiente Caio Lustosa para que se tome uma medida oficial
com relação à demarcação das áreas de lazer, das áreas perigosas, das áreas
poluídas, demarcando-as ao longo da Av. Beira-Rio, a fim de que a população
seja bem informada dos perigos a que ali está exposta.
Quanto ao Fundo de Previdência do Vereador, já outro
dia tive oportunidade de apresentar às Lideranças reunidas com a Mesa uma
proposta: a de que seja facultativa a contribuição. Quem quiser contribuir, que
contribua; quem não quiser que não contribua. Essa é uma posição, e que seja
dada outra filosofia e outra objetividade com relação à participação do
Município no Fundo. Acho que efetivamente, e não sei, confesso que essa é uma tese, mas não sei se vai
se realizar porque não saberia eu se os recursos angariados para o Fundo o
tornariam eficiente. Mas eu acho que o funcionário público Vereador, por
exemplo, que quiser contribuir pode contribuir, só que com a parcela integral,
uma vez que já concorre com uma aposentadoria nas suas atividades como
funcionário público. Então, não haveria motivo para o Município contribuir com
os 10% para o Vereador-funcionário público, uma vez que ele já tem, exercendo o
mandato eletivo, todas as prerrogativas na condição de funcionário público.
Aliás, houve casos nesta Casa em que Vereadores se aposentaram com pouquíssimo
tempo de funcionário público: se aposentaram como funcionário público e se
aposentaram como Vereador. Acho que examinando, rigorosamente, não é a melhor
forma de provimento dessas aposentadorias. Eu acredito que se o
Vereador-funcionário público quiser contribuir para o Fundo, ótimo, pode
contribuir, e até acho que deve contribuir com a integralidade da sua participação.
Isso também vale para os profissionais liberais que exerçam outras atividades,
que tenham outra fonte de renda e atendam, efetivamente, a sua advocacia, a sua
engenharia, a sua economia, as suas empresas, ao jornalista, ao radialista
também. É Vereador, é empresário,
nada a opor, acho que ele vem para cá representando um segmento importante da
sociedade, agora, não tem por que o Município pagar ao Vereador
profissional-liberal. O que não adianta é se ter essa Casa durante quatro anos
numa atividade que participe apenas com 1/5 ou 1/10 da ocupação do seu tempo,
acho que o profissional liberal que tem outra fonte de rendimento, que exerce
outra atividade que não só a Câmara de Vereadores também pode contribuir para o
Fundo. Contribui, se quiser, com a integralidade da contribuição, agora, para o
Vereador - e aí vão ficar poucos Vereadores, ao que me consta - que não tem
outra atividade, que não percebe de outra fonte de renda nem pública e nem
privada, que se dedica com exclusividade à atividade da Câmara de Vereadores,
eu acredito que seria justo que o Município contribuísse com sua parcela de
10%, porque teríamos aí o Vereador se
dedicando exclusivamente para a atividade da Câmara. Não sei se pelo reduzido
número de Vereadores que só têm atividade ligada à Câmara e que só têm essa
forma de provimento, de salários, poderá o Fundo funcionar. Eu não sei,
acredito, não examinei, tecnicamente não sou a pessoa mais indicada para
analisar. Vou fazer, imediatamente, uma solicitação ao nosso Coordenador do Fundo,
Dr. Wilson, no sentido de que ele me dê essas informações.
Mas em tese, Sr. Presidente, com referência ao Fundo,
era isso aí.
Em relação aos perigos da Av. Beira-Rio, no tocante ao
Rio Guaíba, eu deixo aqui a nossa
reiterada solicitação de que o Município ponha em prática a Lei que já existe,
Lei Estadual, de autoria do Dep. Sanchotene Fellice regulamentando-a no que se
refere a Porto Alegre, ou em forma de Decreto, ou em forma de Projeto, e
oficializando a demarcação das áreas perigosas do nosso Rio, a fim de se evitar
novas tragédias. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Próximo orador inscrito, em
Comunicações, é o Ver. Décio Schauren.
O SR. DÉCIO
SCHAUREN: Sr. Presidente, gostaria de
trocar meu tempo com o Ver. João Motta.
O SR.
PRESIDENTE: Tendo em vista a decisão deste
Plenário, aceito a transposição de tempo do Ver. Décio Schauren com o Ver. João
Motta. V. Exª, Ver. João Motta, está com a palavra por dez minutos.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
gostaria de me ater a dois temas. O primeiro deles diz respeito ao assunto
novamente colocado em debate pelo Ver. Artur Zanella, no que diz respeito ao
IPTU. Buscando contribuir, neste debate, gostaria de colocar ao Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, rapidamente, alguns dados, informações que poderão subsidiar
as conclusões que estamos tentando trazer e tirar sobre esse assunto.
Primeiro dado: Nós temos, hoje, em Porto Alegre,
segundo dados da Secretaria da Fazenda, quatrocentos e dez mi contribuintes que
estão divididos: Imposto Predial, 385 mil; Imposto territorial, 25 mil; Imposto
predial, 89 mil contribuintes estão isentos, isso significa 22%; Imposto Predial, 112 mil contribuintes
estão na primeira faixa, ou seja a faixa que contribui com uma parcela de menor
valor, isso significa 28%. Somando-se os isentos com os contribuintes dessa
primeira faixa temos 50% dos 385 mil contribuintes do Imposto Predial, que
pagaram num total, em 1988, 160 milhões; terceiro dado, se nos dividirmos 160
milhões pelos 112 da segunda faixa, vamos encontrar uma média de 1.435
cruzados.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se nós dividirmos
1435 cruzados em doze parcelas, encontraremos uma média de 119 cruzados. Essa é
a exorbitância que o Ver. Artur Zanella denunciou aqui no seu pronunciamento.
Portanto, oito parcelas, conforme a proposta que a gente está tentando
amadurecer do imposto predial, somam aproximadamente, apenas mil cruzados.
Portanto, em nosso entendimento não há exorbitância, o que há é exatamente uma
defasagem muito grande e que deve ser revista. Infelizmente, nos já temos
ciência de que não poderemos alterar mais a Lei aprovada na Câmara e que
estipulou o índice de 600%.
O Sr. Artur
Zanella: Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria que V. Exª compreendesse que estava falando
de 1989, e não do ano passado, dos 600%. Eu até concordo com V. Exª: o imposto
do IPTU é um imposto ultrapassado, agora, infelizmente, tem uma Lei, e a
Prefeitura vai ter que cobrir, mas não com oito parcelas. Assim não cumpre a
lei.
O SR. JOÃO MOTTA: Está em discussão. Só para lhe dar outro dado, se nós
somarmos os índices de inflação e os 600%, se compararmos temos uma defasagem
de 333 entre os 600% do IPTU e a soma da inflação neste período. Isso demonstra
defasagem.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu fico, realmente, impressionado com os dados que V.
Exª traz a público neste momento. É estarrecedor, porque se a média foi essa
aí, está extremamente baixo. Mas eu não creio que corresponda a uma realidade,
não colocando dúvidas nos dados que V. Exª traz.
O SR. JOÃO
MOTTA: Esses dados são da Secretaria da
Fazenda.
O Sr. João Dib:
Sem dúvida nenhuma. Provavelmente nós tenhamos um problema de arrecadação que
não foi efetiva, porque ninguém paga tão pouco Imposto Predial Territorial
Urbano quanto à média apontada por V. Exª.
O SR. JOÃO
MOTTA: Essa média, ela é referente à
primeira faixa que se totaliza 28%. A faixa mais baixa mesmo.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, gostaria, nessa
segunda parte, de bordar um tema que,
inegavelmente, tem tomado grande parte nos espaços da grande imprensa e também
das nossas preocupações. É o Pacote do Verão.
O Sr. Omar
Ferri: V. Exª permite um aparte um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exª falou que 89 mil estão isentos da
contribuição. São 410 mais 89 mil o total?
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
sem dúvidas que há uma expectativa muito grande no que diz respeito a essas
medidas que hoje estão sendo ventiladas pelo Governo Federal, no sentido de procurar
viabilizar alternativas a esse quadro de crise econômica vigente no País há alguns anos. Gostaria de
colocar alguns dados e algumas informações, e no final gostaria de me
pronunciar a respeito desse Plano de verão, que está sendo anunciado pelo Governo.
Em primeiro lugar, nós estamos vendo e verificando que
essa iniciativa, ou mais essa iniciativa do Governo, se dá em meio à falência
das iniciativas heterodoxas, através do congelamento de preços e salários, vide
o Plano Cruzado, e segundo se dá também em torno, em cima da falência da
política feijão com arroz, ou seja, deduzida a partir da famosa fórmula do
ex-Ministro Delfim Neto de que a inflação, mês a mês, se reduz gradualmente. Em
segando lugar, se dá também em meio a uma crise econômica que beira a
hiperinflação, ou seja, são visíveis que os índices da inflação não disparam
devido à chamada segunda moeda, ou seja, o OTN que tem controlado a disparada
de preços no mercado e na economia. Também se dá essa medida em meio a uma
crise política muito séria e profunda do próprio Governo Sarney, onde se vivia,
até bem pouco tempo, uma crise de
contornos talvez indefinidos, hoje, é visível que esse Governo não consegue se
reconduzir e se colocar como sendo de fato um Governo que dirige politicamente
o País sob o ponto de vista dos seus próprios interesses. O choque de verão, no
nosso entendimento, e isso está embasado nos dados do DIESE, está fundamentado
sobre o ponto de vista do ex-Ministro Simonsen, da Economia, e que apregoa que
a razão estrutural da inflação é devido ao déficit público e que a razão
fundamental do déficit público está na parte do próprio funcionalismo.
Portanto, essa informação já nos coloca um dado que justifica de fato o porquê
de que uma das primeiras medidas do Governo é a demissão de 120 funcionários e
a extinção de algumas empresas estatais, como a Emater e Ceasa. Portanto, a
conseqüência dessa visão é de que a dívida pública permanece sendo intocada.
Na segunda base do raciocínio do ex-Ministro Simonsen
era de que a inflação de fato ela se articula e se calcula sempre jogando-se do
passado para o futuro, ou seja, de um mês se remete para o outro mês. Isso
fundamenta a proposta da fixação dos índices de ajustes de preços e salários,
ou seja, os famosos índices pré-fixados. Mas há problemas imediatos que estamos
localizando nessa proposta articulada pelo Governo, através do Ministro Maílson
da Nóbrega: primeiro, se fixarmos como meta a pré-fixação de salários e preços
agora em fevereiro, por exemplo, em 15%, nós dificilmente poderemos afirmar ou
atingir essa meta, na medida em que a previsão de inflação para fevereiro,
segundo os dados do próprio Governo, é em torno de 30%. Então, se estipula que
há uma defasagem em torno de 15% entre o índice de preços e o índice de
salário. E nós sabemos que, neste País, controlar salário é muito fácil, mas
controlar preços! Até hoje não se construíram mecanismos capazes de fazer isso.
Portanto, há um arrocho salarial embutido nessa medida que nos parece visível e
que nós podemos concordar com ela.
Segunda conseqüência é que o Pacote de Verão não
propõe um mecanismo capaz de corrigir essa defasagem entre uma data base e a
outra.
Para concluir, eu gostaria de dar uma informação da
posição assumida, já, sobre o Pacote de Verão pela direção nacional da CUT -
Central Única dos Trabalhadores. Diz no seu item 9: "De qualquer modo,
entendemos que o recurso, a greve-geral, caso necessária, não pode se
restringir à paralisações de 24 horas, e, sim, por tempo indeterminado para que
negociemos, durante a paralisação, a proposta dos trabalhadores.” Mais uma vez
nos parece que estão sendo esquecidos, de novo o Governo joga o ônus da crise
sobre o ombro dos trabalhadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver.
Ervino Besson, que transpõe o seu tempo com o Ver. Isaac Ainhorn.
Convido o Sr. 3º Secretario para assumir os trabalhos.
(O Sr. 3º Secretário assume a Presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Com a
palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
o que me traz à tribuna, nesta manha, são notícias veiculadas pelos jornais da
Capital que dão conta de que S. Exª o Sr. Prefeito Municipal Olívio Dutra
pretende fechar a Av. Beira-Rio, conhecida como Av. Beira-Rio, na realidade o nome exato é Edvaldo Pereira Paiva, o
que, evidentemente, merece um exame de nossa parte, merece uma avaliação, um
posicionamento desta Casa. A primeira coisa que nos causa estranheza é a
notícia de que o Prefeito Olívio Dutra já decidiu, diz a notícia do dia 09 de
janeiro do "Correio do Povo" o seguinte: (Lê.)" Beira-Rio:
Fechamento divide os freqüentadores. Decisão do Prefeito Olívio Dutra provoca
polêmica. A decisão do Prefeito Olívio Dutra de fechar a Avenida Beira-Rio para
o trânsito de carros aos sábados e domingos, a partir do próximo fim-de-semana,
está dividindo as opiniões dos freqüentadores do local."
Vejam V. Exªs que, segundo consta pelas informações que os jornais dão
notícia, a decisão, Ver. Artur Zanella, já está tomada, num assunto que entendo
de alta relevância, dentro de um contexto viário que envolve a população de
Porto Alegre, uma radial das dimensões e da expressão dessa avenida, que
representou um desenvolvimento e progresso significativo, sob todos os
aspectos, para nossa Cidade. E o que vem a me causar estranheza em relação a um
assunto relevante como é esse, em que já há uma polêmica em relação ao assunto,
o Sr. Prefeito Olívio Dutra, cuja plataforma sempre, antes das eleições,
preconizava que nenhuma atitude relevante no âmbito da Cidade de Porto Alegre
seria tomada sem a consulta aos setores interessados, passou, exatamente, após
as eleições, mais uma vez a mudar o seu discurso. Um assunto desta natureza,
que envolve diversos segmentos da nossa comunidade, da nossa população, já foi
decidido sem consulta a ninguém. E não é um
problema de uma rua sem saída, ou coisa assim. Trata-se de uma avenida que liga
o Centro da Cidade à Zona Sul. E mais: uma avenida que surgiu exatamente com o
objetivo de desafogar o trânsito da Zona Sul da Cidade. E eu pergunto: as
associações comunitárias da Zona Sul foram ouvidas para essa decisão já tomada
pelo Sr. Prefeito Olívio Dutra? A Associação dos Amigos do Bairro Cristal, dos
Amigos de Ipanema, do Guarujá, Belém Novo, Lami, já foram ouvidas? A Associação
dos Amigos do Bairro Menino Deus foi consultada? A Associação dos Amigos da
Volta do Gasômetro? Entidades comunitárias expressivas e que têm uma
participação importante, que sempre vieram a discutir os assuntos aqui nesta
Casa, trazer posições, foram consultadas? Eu entendo, inclusive, que se pode
considerar um grave erro técnico, até fruto de uma precipitação, o fechamento
da Av. Beira-Rio nos feriados e fins de semana. É inegável, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, que a Avenida desafogou o tráfego da Zona Sul e seu bloqueio
renovará as dificuldades de locomoção no sentido centro-bairro e bairro-centro.
Não posso concordar, também - até porque não corresponde à verdade - com o fato
de que essa Avenida dificultou o uso dos parques por parte da população. Do
ponto de vista de segurança, hoje, ela é dotada de oito sinaleiras três
quebra-molas. Os afogamentos que se verificavam ali naquela área, por uso
indevido do rio, que se encontra proibido, os banhos nessa área que também
estão proibidos, pelo alto grau de poluição, nós sabemos que já existiam antes
mesmo da abertura da Beira-Rio. Agora, como que realmente nós podemos passar a
nos preocupar é com o fato de que a atual Administração, numa decisão
unilateral, sem ouvir a comunidade, tentando minimizar a importância da obra
realizada pela Administração Collares. A vingar essa medida, vou pedir o
fechamento de uma perimetral que atravessa o Parque Farroupilha. Será que é
correto bloquear, aos sábados e domingos, a Avenida Beira-Rio, a Perimetral do
Parque Farroupilha? Tem também a Goethe, no Parcão, se bem que ali existe uma
passarela. Na realidade, a própria infra-estrutura e destinação da Avenida
ficam prejudicadas; ela é dotada de locais específicos de estacionamento para o
lazer de quem só pode se dirigir para lá de
carro, e que, conseqüentemente, ficará impedido justamente quando dispõe de
tempo para esse lazer. Na verdade, a Avenida Beira Rio incomodou muita gente,
porque ela fez com que a população de Porto Alegre se reencontrasse com o seu
Rio, tem gente que nem sabia mais como era o Rio Guaíba, - Vereador Dib, não
fique com essa cara de espanto – então, o que acontece? As pessoas param o
carro ali - vindo dos mais variados pontos da Cidade - para tomar banho de sol,
para ver o pôr-do-sol, e tudo isso vai ficar bloqueado, porque no momento em
que proibirem o tráfego de veículos, no final de semana, todo esse
"footing" estará prejudicado. O mais grave de tudo é que essas
decisões estão sendo tomadas unilateralmente e, surpreendentemente, contrárias
ao espírito preconizado antes das eleições, de que nenhuma decisão relevante
seria tomada sem antes consultar a população.
O Sr. Artur
Zanella: V. Exª permite? (Assentimento do
orador.) Estou inscrito, porque são tantos os assuntos neste início de ano, e
eu ia falar sobre isso, porque o CNT - Código Nacional de Trânsito - não
permite o fechamento dessa Perimetral, para começo de conversa, pois está há 20
anos dentro do Plano Diretor de Porto Alegre; em segundo lugar, sou favorável
que se tenha maior segurança, na verdade, ali; não aconteceu, até agora, nenhum
acidente, Graças a Deus. Em terceiro e último lugar, já que está sendo
discutida a relocalização dos postos de gasolina. Eu queria lembrar as pessoas,
e o nosso querido Líder do PT está aqui ao meu lado, que esses quatro postos
foram definidos por Lei e que os outros postos de gasolina, por lei, têm que
vir para esta Casa para serem aprovados. Não adianta discutir, ir lá colocar
onde colocaram, porque a decisão foi por Lei e tem que ser revogada por lei
também.
O SR. ISAAC
AINHORN: Encerro, Sr. Presidente, dizendo
apenas e lembrando, imaginem, que o grande drama dos moradores da Zona Sul era
o problema dos dias de jogos do Beira-Rio, porque ficavam completamente
bloqueados. Com o fechamento aos sábados e domingos o problema vai permanecer.
Portanto, essas são as considerações que gostaríamos de deixar firmadas aqui de
que a população deveria ser consultada em relação ao fechamento da Av.
Beira-Rio e, lamentando, evidentemente, a decisão precipitada do Executivo
Municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio
Koutzii.
O SR.
FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, evidentemente que nestes primeiros dias da Administração Municipal
vão-se fazendo os ajustes necessários no ritmo que parece adequado à Frente
Popular e à Administração Popular. E nós temos escutado aqui, vez ou outra, uma série de conselhos de
como deveríamos fazer as coisas. Eu gostaria de dizer, com todo o respeito, que
todos os Vereadores da Casa, membros de Partido que de uma forma ou outra já
foram ou são Poder, já aplicaram as suas receitas e muitos foram muito mal. Eu
acho - que é um pouco precipitado nos explicar o que nós temos que fazer com os
carros alugados e de que maneira, e se é demagógico ou não. Certas medidas
iniciais modestas e simples de contenção de gastos devem ser entendidas como um
gesto de cuidado com a coisa pública ou entendidas, como querem alguns críticos
e alguns jornalistas especializados, como mera manobra demagógica. A minha
primeira intervenção vai no sentido de refutar essa noção de que pequenas
medidas, como os 20% que os Secretários vão devolver aos cofres públicos, sejam
medidas demagógicas. É claro que a incidência da soma desse dinheiro é
absolutamente insignificante do ponto de vista do total dos recursos do
Município. Mas não se trata disso. O que se trata, e faz parte de nosso
entendimento político e do momento em que vivemos, é que a crise política por
que vive este País, da qual todos os senhores são parte, como nós,
especialmente porque são politicamente homens públicos, responsáveis, que
incidem sobre a imagem que a política e as coisas públicas têm hoje, e não
poderia ser uma imagem pior - e todos dizem isso em seus discursos de palanques
- devem saber distinguir não o significado econômico absolutamente
modestíssimo, mas o significado político e ético exemplar. Determinadas
medidas, se mantidas - e serão - e coerentes, numa série de aspectos da
Administração, podem produzir para dar a uma Administração que recém começa, e
que tem um compromisso de credibilizar a política de novo. Não temos só o
compromisso do nosso programa e da nossa linha; temos algo que extrapola a
posição política do PT, que é o compromisso com a democracia, um compromisso de
mostrar que a sociedade civil é capaz de administrar um processo de transição,
o compromisso de mostrar que político não é sinônimo de homem sem princípios.
Na nossa parte, na nossa linha e na nossa maneira não vamos fazer isso. Os
senhores saberão como devem fazer do ponto de vista da concepção de cada um.
Então, queríamos declarar aqui que somos absolutamente
conscientes do limite, mas ela existe e tem uma certa importância, desde as
medidas que estamos tomando, como somos convencidos do impacto positivo que
essas questões têm. Quando o Ver. Artur Zanella, que sempre tem-nos dado uma
série de sugestões práticas de como fazer ou não as coisas - e vem à tribuna
explicar que os carros alugados são mais baratos, finalmente, do que uma frota
própria, eu assumo o compromisso aqui de, quando terminarmos a redução do
parque atualmente à disposição, nos números, posso até, no final, acabar dando
razão a S. Exª. Mas acho que não é assim, vamos ver o que é melhor. Ai vamos
passar por duas coisas: o controle dos recursos e, em segundo lugar, a imagem
da Administração, que para nos é extremamente importante.
Segunda questão, dentro da mesma concepção, a questão do Fundo de
Previdência, que nós tivemos que
chegar ao Presidente da Casa, e ao Presidente do Fundo, o nosso desejo de não
participarmos dele, terá de nossa parte um
procedimento em que convidamos todas as Lideranças a partilhar de uma
discussão entre as diferentes Bancadas, de como encaminhar essa questão,
deixando claro que faz parte também de uma linha política partidária nacional,
afastar-se de um Fundo que no nosso entendimento tem dois pecados: Ele consiste
em prover o total do fundo também de verbas públicas, e, em
segundo lugar, no fato de privilegiar de uma forma extremamente precoce o
direito à aposentadoria, ainda que
parcial e proporcional, no caso a nossa Câmara, a trabalhadores públicos como
são os políticos, os Vereadores. Esta é a nossa visão, esta é a nossa posição,
nós não queremos utilizar esta posição nacional e conhecida para passar uma
imagem a favor nosso e contra os partidos da Casa. O que nós queremos é colocar publicamente, porque isso é
política pública, é responsabilidade
também frente à comunidade, o nosso entendimento, e se possível discutirmos
mais profundamente. É por isso que não há ainda um projeto de extinção, já há
um pedido de saída nossa desse Fundo, que é a primeira etapa do Processo que
queremos instaurar.
Por último, e para colocar para o Ver. Isaac Ainhorn, que se
preocupou fortemente na sua intervenção com a decisão de fechar a rua, eu
queria até lembrar especialmente ao Ver. Zanella, que penso que tem muito mais
experiência que nós e que se equivocou porque o mesmo vejo que todos os
domingos, por exemplo, na Av. Atlântica, ela é fechada em todo o perímetro e é uma via muito mais fundamental para uma
cidade extremamente complicada do ponto de vista urbanístico como é o Rio.
Agora a questão essencial, a questão política, certamente o nosso companheiro
Gert não pode intervir por falta de tempo a nível dos apartes, mas eu chamo a
atenção para o seguinte: nós não estamos discutindo só se a
rua é para abrir ou não. Os Srs. que vêm da Legislatura anterior sabem que é
uma polêmica, uma visão diferente. O nosso partido tem uma visão diferente, foi
minoritário nesta Casa sobre o Projeto que, no nosso entendimento, era o
loteamento daquela área, que era contrário a uma visão que nós temos do
desenvolvimento da Cidade, é contrário a uma concepção ecológica a preservação
que nós temos, do Meio Ambiente. Portanto, isso que
já está pronto pode ser utilizado como uma via que facilita o acesso e assim o
será nos dias de trânsito, nos dias da semana, e pode ser preservado de
determinados (não só) perigos de trânsito quanto o próprio espaço a ser
utilizado numa outra visão, dentro daquilo que nós pensamos, aos fins de
semana. E do ponto de vista de preocupação democrática que o Ver. Isaac Ainhorn
foi especialmente enfático, nós queríamos dizer que também temos divergência
sobre isso, porque embora a Câmara tenha aprovado este Projeto, nós temos uma
opinião de que a comunidade não aprova o projeto globalmente nos termos em que
ele foi elaborado, e o famoso gesto, importante, do abraço ao Guaíba, levado
avante por 10 mil pessoas é, no nosso entender, um gesto da comunidade, que
opinião ela tem, como deve ser tratado aquele setor da nossa Cidade.
O Sr.
Wilson Santos: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero dizer que no momento em que V. Exª falava na
redução de 20% dos salários dos Secretários e que poderia ser tomado por alguém
como demagogia, eu diria que bendita seria a demagogia no momento em que mesmo
de maneira singela e com pequena repercussão, pudéssemos nós, que estamos
empenhados em devolver a boa imagem pública dos políticos, pudéssemos nos dar
as mãos. Até a Câmara de Vereadores, embora não tenha feito a devida
divulgação, teve o seu gesto positivo. Se nós tivéssemos ainda a prática dos
70% do que ganham os Deputados Estaduais, pelo efeito cascata, nós estaríamos hoje ganhando 4 milhões
e 900. Entretanto, por resolução desta Casa - isto aí não veio a publico - nós
reduzimos em quase 50%. Só espero que não seja tomado como demagogia também
isso, porque é um exemplo de pelo menos um princípio que tem um efeito muito
positivo no seio da sociedade. Então eu queria parabenizar naquele momento com
V. Exª.
O Sr. Isaac
Ainhorn: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu gostaria de saber em relação à Avenida Beira-Rio.
O SR.
FLÁVIO KOUTZII: Exatamente, a posição é a
que eu externei e não é por acaso nem por recurso retórico e nem diversificação
da discussão e diz que nós temos um entendimento global disso. As coisas não se
separam e sobre ela a posição é a mesma do Sr. Prefeito. A interpretação e a
justificação da medida é uma justificativa baseada numa concepção de uso
daquele espaço. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Por transposição de tempo com
o Ver. Isaac Ainhorn, a palavra com o Ver. Ervino Besson.
O SR.
ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Acho que todos viram a notícia no jornal: o trigo vai subir
diariamente e depois são culpados os padeiros e os donos de padarias.
Acho que o que está faltando nesta Casa é uma lancheria em condições, pois muitas vezes o trabalho nesta Casa exige que fiquemos até as 13 horas, 13 horas e meia e depois temos que nos deslocar ou para uma churrascaria ou para uma lancheria longe do local. Eu creio que o que está faltando é uma lancheria em condições, que convidasse o próprio Vereador, o próprio pessoal que trabalha nos gabinetes, para que não seja necessário nos deslocarmos para longe, porque o fluxo de gente é muito grande a não há uma lancheria em condições de, no caso, se estivermos trabalhando ...
O Sr. Isaac
Ainhorn: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Ervino, apenas para esclarecer a V. Exª que a
vinda aqui para este prédio, da Câmara Municipal, foi um esforço do Executivo e
do Legislativo, no sentido de recuperar um prédio cujo destino era se
transformar em tapera, pela omissão de um tempo passado, do qual,
evidentemente, não guardamos boas recordações. Então, houve um esforço da
Administração anterior de recuperar este prédio, Executivo e Legislativo, numa
ação conjunta. Hoje, quando há uma nova Administração nesta Casa, no Legislativo
Municipal, informo a V. Exª que já existe projeto da Mesa no sentido de criar
uma área própria para que se implante,
aqui, dentro da Casa, uma lancheria e um restaurante e que os próprios
funcionários da Casa possam ter um local digno e adequado para fazerem suas
refeições, porque muitos funcionários, inclusive, trazem alimentação da sua
casa e chegam aqui e não têm sequer um local para fazerem a sua alimentação.
Isso tudo está sendo procurado sanar. E, mais ainda,
informo a V. Exª que a diminuta lancheria que estava fazendo o papel de
restaurante, nas mais precárias condições, sem obediência às regras mínimas de
higiene sanitária, porque o espaço era reduzido, fez com que a Mesa tomasse
providências e permitisse, apenas a pequena lancheria que aqui funciona,
trabalhasse com lanches rápidos.
O SR.
BRVINO BESSON: Então a notícia está aí, é
boa, porque acho que é um problema
que se solucionará e que irá abranger a todo o pessoal da Casa. Porque faz
falta mesmo e ali estamos vendo que têm duas ou três pessoas, uma portinha e
uma fila à espera. Praticamente não existe lancheria. Era isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus
senhores, minhas senhoras, ouvi com atenção o pronunciamento do Ver. Isaac
Ainhorn sobre a Av. Edvaldo Pereira Paiva.
Desde logo quero dizer que entendi, entendo, vou
continuar entendendo assim que a Av. Edvaldo Pereira Paiva não é senão a
continuidade de um Plano Diretor, que
vêm desde a Administração José Loureiro da Silva, e que todos os
administradores depois dele tentaram pavimentar, porque realmente é uma via de
escoamento extremamente necessária para a Zona Sul; e eu sei que toda a Zona
Sul aplaudiu a obra.
Não vou analisar o fechamento eventual ou não, porque, evidentemente, determinados dias, a administração central não vai conseguir fechar. Basta que se realize um grande jogo no Beira-Rio, ou mesmo no Gigantinho, basta que haja uma grande chuva ou alagamento na Av. Padre Cacique, e vamos ter que deixar aberta a Edvaldo, que é o grande autor do Plano Diretor desta Cidade.
Então, vamos utilizá-la.
O Sr. Artur
Zanella: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para lembrar que o Prefeito Collares conseguiu,
efetivamente, recursos para fazer essa Avenida. Na verdade, quem vai pagar é a
Frente Popular. Há uma continuidade: um planeja, outro executa e o outro paga.
Não e só de um.
O SR. JOÃO
DIB: Muito obrigado. Realmente a
Administração Collares executou a obra. E o povo de Porto Alegre e a
Administração PT vai pagar. Não há problema nenhum.
As obras têm que ser realizadas. A Prefeitura está
pagando obras realizadas há quase 20 anos atrás; não seria possível, hoje,
construir o Túnel e o Complexo da Conceição. Não teria viabilidade. Mas vale a
colocação do Líder do PT de que o Projeto Praia do Guaíba deva ser reexaminado.
Está prevista a construção de prédios de alguns andares que poderão tirar um
pouco a vista do Rio e do pôr-do-sol.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, já que o
assunto foi de Edvaldo Pereira Paiva, Avenida, eu tenho ouvi do com alguma
freqüência e vou fazer um Pedido de Informação nesse sentido, que o pavimento
não está resistindo à intensidade do tráfego. Que o pavimento não está
resistindo à passagem de veículos mais pesados. Eu não posso entender que uma
Avenida feita em um terreno de excelentes condições de compactação, não possa
receber o trafego de caminhões. Eu confesso que não fui no local ver, vou, mas
de qualquer forma já que há o alerta eu acho importante que se analise, através
dos técnicos competentíssimos da Secretaria de Obras e Viação, o tipo de
pavimento que lá está, e se realmente deve nos preocupar, ou não. Já que
inaugurada há dois meses atrás, nós temos todas as condições de exigir que a
empresa ou as empresas que realizaram o pavimento, em quem confio também,
porque sou engenheiro e devo confiar nos meus colegas, mas é bom que se veja.
O Sr. Isaac
Ainhorn: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. João Dib, eu cumprimento as observações de V.
Exª, que sempre refletem um profundo conhecimento da Cidade, e se aprende
sempre a história da Cidade nas suas intervenções. Observo a V. Exª, que até
admito que possa se apresentar eventuais alterações ao Projeto Praia do Guaíba, não perdendo nunca de vista que se trata
de um conjunto global de obras e de verdes e de parques. E dois dados
importantes que estão dentro desse projeto arquitetônico: um é a recuperação da
Usina do Gasômetro, e o segundo é a belíssima obra que ADVB vai construir uma
escola de vendas, uma escola de alto nível na área do Projeto Praia do Guaíba.
E que evidentemente hoje é Lei, o Projeto já aprovado da SMOV, e já se encontra
em fase preparativa para obras.
O SR. JOÃO
DIB: Sou grato pela informação que V. Exª
traz, acho que uma escola cabe perfeitamente dentro de uma praça ou de um
parque, é uma idéia que defendi permanentemente. E algumas vezes até consegui
que se construíssem escolas dentro de áreas reservadas a praça.
Mas, Srª Presidente, Srs.
Vereadores, na semana que passou, na Comissão Representativa, eu falei da
necessidade da SMOV reeditar uma campanha realizada ao tempo em que eu fui
Secretário de Obras e que tinha como slogan: “É fogo esquecer a rede elétrica”. Já estou procurando
coletar o material existente à época, mas se vê que esta semana que passou nós
tivemos outro sinistro que, talvez, com pequenas medidas feitas semanalmente
não tivesse ocorrido. Então, estou apelando que a Secretaria Municipal de
Obras, que já deve ter recebido o Pedido de Providências agilize a solução para
que tenhamos em todos os nossos estabelecimentos comerciais, em todas nossas
concentrações populacionais uma informação rápida de como prevenir incêndios.
Ontem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, participando com o Ver. Omar Ferri em
um programa de rádio, vimos a preocupação com a disposição final do lixo
hospitalar. Mas, no debate, vimos que o problema é muito mais sério, pois não é
só o lixo hospitalar que deve ser examinado, que deve trazer preocupação a
todos os Vereadores, mas também a disposição final de todo o lixo da Cidade.
Estamos fazendo aterros sanitários, medida que defendo, desde que feita com
todos os requisitos técnicos que devam ser feitos. E nós não estamos fazendo
isso. E não estou fazendo crítica à Administração passada, porque eu criticaria
também a minha Administração, porque não tivemos os recursos necessários para
que se fizesse um aterro sanitário como tecnicamente deve ser feito: uma camada
de lixo, outra de terra compactuada e não fizemos isto. O aterro sanitário é uma coisa tão boa que o aeroporto de
Nova Iorque está sobre aterro sanitário e não tem problema nenhum, desde que
tecnicamente bem feito. Então, estou encaminhando à Mesa uma solicitação minha,
do Ver. Omar Ferri e do Ver. Vicente Dutra, para que seja criada uma Comissão,
para ao longo de 90 dias dar a sua contribuição, ouvir as autoridades
especializadas no assunto, para que tenhamos ao final e no tempo certo medidas
capazes de oferecer ao Executivo Municipal, para que a disposição final do lixo em Porto Alegre, que a cada dia cresce
mais a coleta, seja tranqüila e segura para a comunidade.
O Sr.
Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu me congratulo com V. Exª pela preocupação que tem
ao levantar um assunto da mais alta gravidade e um assunto que tomou conta das
nossas preocupações enquanto Diretor-Geral do DMLU há bem pouco tempo. Quero
dizer que, realmente, os nossos aterros sanitários há muito estão em condições
tecnicamente desfavorável principalmente em razão da existência de centenas de
catadores de lixo. Eu costumo dizer que é
o retrato desta nossa sociedade
capitalista injusta e discriminadora, são centenas de famílias vivendo do lixo.
Quero lembrar a V. Exª que, na nossa Administração, esta Casa aprovou uma
operação de crédito que permitiria construir, aqui, em Porto Alegre, uma usina
de reciclagem do lixo que teria a capacidade de aproveitar trezentas
toneladas/dia de lixo. E esse projeto só não se concretizou pelas medidas do
Governo Federal, que impossibilitou a concessão desse financiamento. Já estava
aprovado pela Diretoria do BNDES e, também, já aprovado por esta Casa.
O SR. JOÃO
DIB: Sou grato ao aparte de V. Exª.
Nós temos, aqui, dois ex-Diretores do Departamento
Municipal de Limpeza Urbana e, para encerrar, Sr. Presidente, eu apenas queria
dizer que está preocupando o País inteiro a retirada de três zeros do cruzado.
Eu acho que nós teríamos resolvido todos os nossos problemas - eu condeno a
retirada - tirando o grande zero que é o Presidente Sarney. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra,
o Ver. Décio Schauren, pelo tempo que lhe cede o Ver. João Motta. Desiste. O
próximo orador inscrito é o Ver. Lauro Hagemann, que está ausente. Com a palavra, o Ver. Luiz Machado.
O SR. LUIZ
MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
venho à tribuna para falar de temas importantes. Primeiro, quero falar sobre
uma matéria que saiu no jornal Zero Hora, na última quinta-feira. Eu trouxe
aqui, por escrito, para que não me perdesse nessa matéria, que é muito
importante. Importante negativamente, contra os interesses dos moradores da
Vila Restinga e, para que não dizer, do Estado Maior da Restinga, Escola de
Samba. Quero-me pronunciar a respeito da matéria publicada em Zero Hora, no dia
05 de janeiro de 1989, página 45, ocasião em que o ilustre jornalista, ao
relatar a lamentável morte do livreiro Donato Almeida Martins, ocorrida no dia
17 de dezembro de 1988, aponta, como suspeito do crime, Mauro Luís Almeida
Seixas. Foi infeliz o profissional, uma vez que afirma na matéria que o acusado
é integrante da bateria da Escola de Samba da Restinga, o que é uma inverdade.
Ora, ilustres companheiros, o pensamento foi longe demais. O digno jornalista
jamais poderia ter citado essa gloriosa entidade carnavalesca, sem a certeza de
que o dito elemento a ela pertencia. Acrescemos o fato de que é apenas um
suspeito, tão-somente. Sabe-se que a Lei de Imprensa dá guarida a esse tipo de
complicação, porém não é menos verdade que tais relatos devem ser norteados por
valor maior, isto é, o bom senso e a justiça. Na condição de Vereador e
representante de toda a comunidade da Restinga, especialmente dos membros dessa
valorosa Escola de Samba, quero lavrar meu protesto em defesa dessa entidade
carnavalesca, e cujos integrantes de ilibado conceito foram duramente
castigados. Quero dizer aos senhores que, no passado, eu via muitas vezes isso
aí, e estou vendo no presente, porque se o componente que foi citado como tal,
e que, até provar o contrário, não é componente, o Estado Maior da Restinga
teria se envolvido num latrocínio, eu quero dizer a todos que se fosse de uma
outra entidade qualquer e de renome tanto como Estado Maior da Restinga, mas em
outros níveis, não de carnaval, não teria quem sabe o jornalista citado que o componente se envolveu em um crime.
Então, é lamentável que eu tenha que assomar à tribuna para dizer isso: que eu não aceito a matéria, porque
envolveu a pessoa física ou a entidade. E eu quero dizer que a entidade Estado
Maior da Restinga é de bravos trabalhadores, aqui tem muitos que representam
alas de samba e que estão nas galerias, e eu posso dizer que são 365 dias no
ano de serviço para se apresentar numa avenida em uma hora e meia e fazer a
alegria do povo. É por isso que eu faço a defesa do Estado Maior da Restinga,
que tem homens bravos e patronos de valor.
O Sr. Artur
Zanella: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não é só o problema da Escola. Quando acontecem fatos
assim, normalmente se diz: é o fulano de tal, dão o endereço, a profissão, etc.
Nesse caso, a maldade foi maior, pois o rapaz, inclusive, nem culpado é. Quando
há mortes perto da Restinga, a manchete é: "Morto na Restinga". Se
morre alguém na Vila Nova, na estrada, se diz: "Morreu em direção à
Restinga", "na estrada da Restinga". É uma colocação que se faz
contra uma comunidade de mais de 100 mil pessoas, que é discriminada, e V. Exª
coloca muito bem a questão. E já que V. Exª está colocando, vou aproveitar - e
já levei isto ao Governador, através do Secretário - o que está acontecendo com
este aspecto do carnaval. As escolas de samba, que tradicionalmente faziam seus
carros alegóricos no Porto, este ano estão sendo impedidas de fazer e a
alegação que foi dada a mim é que o
Porto não vai emprestar mais, para não desmoralizar o Porto. Há lugar lá, está
vazio, e as pessoas do DEPRC informam: fica chato para nós emprestar para
carnaval, porque desmoraliza a nossa administração. Eu falei já duas/três vezes
com o pessoal do Governo do Estado e agora vamos - e espero que V. Exª
participe também - pedir uma audiência para o Governador, para dizer que as
Escolas de Samba que forem para lá não vão desmoralizar o Porto, como nunca
desmoralizaram, mas é uma campanha contra o pobre, e, principalmente, contra a
Restinga.
O SR. LUIZ
MACHADO: Obrigado, antes de conceder o
próximo aparte, gostaria de dizer que ainda abordarei mais dois temas,
portanto, gostaria que os companheiros fossem breves. Um aparte ao Ver.
Adroaldo Correa.
O Sr.
Adroaldo Corrêa: Serei breve, concordo com
V. Exª, e digo que não vai o crime além da pessoa, e se o crime existe, deve
ser investigado, julgado, com sentença e processo; concordo também que a
comunidade da Vila Restinga tem, na sua escola de samba, um dos melhores carnavais,
e deve ser respeitada pelo aspecto cultural.
O SR. LUIZ MACHADO:
O outro assunto é sobre o Fundo de Previdência da Câmara Municipal. Quero dizer
que vou abrir o meu voto, vou ter a coragem, talvez, um dos primeiros a fazer
isso, e vou dizer porque sou favorável ao Fundo. Em primeiro lugar, sou
favorável, porque sou um homem de iniciativa privada, mesmo antes de assumir o
cargo de Vereador, e não vivo dos proventos de Vereador, portanto, por assim
ser, sou favorável ao Fundo, assim como tem profissionais liberais que não
precisam desse Fundo, mas pergunto, nós, em não precisando do Fundo, teremos
que prejudicar os companheiros que já se aposentaram,
ou venham a se aposentar, no futuro, ou necessitar do Fundo? Não vou prejudicar
ninguém com o meu voto, agora, respeito a posição da Frente Popular, pois cada
um tem a sua posição e pensamento. Sou favorável, até mesmo por ter lido um
pouco sobre Fundo, das suas vantagens, da sua serventia aos Vereadores que
venham exercer o seu mandato, e necessitar, até mesmo de um empréstimo, por que
não? E o Fundo dá esse direito, e por isso sou favorável ao Fundo, exatamente,
por não necessitar dele. Ainda bem!
O Sr. Omar
Ferri: V. Exª permite? (Assentimento do
orador.) Parece-me que esse seu posicionamento não passa de uma visão
mercantilista sobre o problema, sobre a questão.
O SR. LUIZ
MACHADO: Pois é, mas é o pensamento de V.
Exª, Ver. Omar Ferri, porque, em primeiro lugar, é o que colocou aqui o
Vereador que me antecedeu, foi bem claro o Ver. Zanella, não sei se foi ele,
que a Bancada da outra gestão da Câmara, representada pelo nobre Vereador e
hoje Secretário, Ver. Antonio Hohlfeldt, não defendeu isso. Então, nós ficamos
analisando, há dois pesos para uma medida? Por que agora estão falando isso?
Porque que antes só porque era um do PT e hoje tem nove? Então eu pergunto
assim, eu acho que as coisas se colocam por aí. Eu acho que é um pensamento do
nobre Ver. Omar Ferri como é de toda a Bancada da Frente Popular, um direito
que lhe assiste. Agora, é um direito que me assiste de ser favorável ao Fundo
de Previdência. Eu quero relatar que sou contra o fechamento da Av. Beira Rio,
porque representando a Associação de Bairros da Vila Restinga, não fomos
consultados para tanto. Mas não tem problema. Há momentos em que o Executivo
usa do direito que tem, mas eles tem que ouvir um pouco a população, porque nós
não fomos consultados para tanto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vicente
Dutra.
O SR.
VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. João Dib, juntamente com o Ver. Omar Ferri, que por uma
gentileza incluíram o meu nome, pedem a constituição de uma Comissão Especial
para estudar o problema do lixo instalado em Porto Alegre. Eu acho que o
assunto merece, realmente, a atenção desta Casa e deverá ser submetido ao
Plenário. Diz o Ver. João Dib que vai estudar todo o problema da deposição
final do lixo em Porto Alegre. Esse assunto, lixo, e particularmente o problema
da deposição do lixo que é acumulado numa Cidade, é um problema muito sério.
Nós poderíamos dizer assim que é um problema comum a todas as cidades do mundo
inteiro em todas as épocas. Isso é uma particularidade muito interessante,
muito curiosa desse problema todo. Não há cidade no mundo que não tenha
problema com a deposição final do seu lixo. Algumas resolvem esse problema de
um jeito, outras resolvem de outro, mas o fato é o seguinte: não há um
Prefeito, uma autoridade municipal neste vasto mundo sem fronteiras que não
tenha problemas com o seu lixo, o lixo nosso de casa dia.
Não vou aqui analisar o problema do lixo industrial,
muito menos o problema do lixo atômico, esse é um problema que requer uma
especialização muito grande, estou falando do lixo nosso de cada dia.
Agora, vejo com preocupação - e quando se fala em lixo
urbano logo vem a idéia de instalação de usinas - eu aqui, de plano, já vou
dizer para que fique inserido nos Anais, e quero participar desta Comissão, que
sou absolutamente contrário à instalação
de usinas. Ingressei no DMLU com a idéia na cabeça de que a grande obra, a
grande preocupação que deveríamos ter naquela ocasião - isso foi manifestado -
seria a instalação de uma usina, preocupação essa que já havia tido meu pai
quando foi Diretor também à época da Administração Loureiro da Silva.
Mas, analisando, e principalmente observando, Ver.
Omar Ferri, acho que o administrador público tem que observar muito, porque ele
não pode ser um generalista em especialização de tudo. Posso saber
profundamente se uma usina é tecnicamente viável ou não, mas observo se essa
usina está funcionando. Por exemplo: em Tóquio, uma cidade de 12 ou 13 milhões
de habitantes tem lá implantadas cinco grandes usinas de lixo, inclusive tenho
comigo a planta dessas usinas, fotografias onde estão instaladas.
Mas vamos observar o que se passa em Tóquio. As cinco
usinas de lixo conseguem processar o total de 25% do lixo coletado em Tóquio, o
resto vai para onde? Vai para o aterro sanitário.
Nova Iorque, doze mil toneladas recolhidas por dia de
aterro sanitário. O mundo inteiro enterra lixo. Aliás, uma curiosidade, a
Alemanha Ocidental paga espaços para enterrar o seu lixo de cada dia. É muito
comum nos Estados Unidos um condado pagar a outro para receber o seu lixo, e
pagam a preço de ouro, em comunas lá mais pobres que outras, então, oferecem
espaços para ali serem acumulados o seu lixo, e vão fazendo montanhas. Num
filme que passou duas vezes na TV Bandeirantes, o “Acredite se quiser”, que é
apresentado pelo artista Kirk Douglas, apresentou um Programa do Lixo em Nova
Iorque, depois se deteve particularmente na deposição final. Esse lixo é
depositado numa ilha, não me recordo agora o nome. Então o lixo vai acumulando,
dali há dois dias vem e tapam, acumula de novo; então dizia o gerente, que
gerencia essa deposição final, o engenheiro, dizia: aqui nós estamos
construindo a montanha mais alta dos Estados Unidos, dentro de 15 anos será a
montanha mais alta. Aí o Kirk Douglas perguntou: Mas por quê? Por que não temos mais onde colocar esse lixo e vamos
depositando, e vai subindo aqui. Não pensem vocês que Nova Iorque tem usina de
lixo lá, porque o americano é muito vivo e sabe que a usina é uma grande
mentira. A usina só favorece a empresa que detém a tecnologia. E eu fiz uma
experiência aqui, com autorização do meu chefe, que era o Ver. Prefeito João
Dib, e eu lancei a todas aquelas empresas que haviam oferecido tecnologia,
empresam canadenses, empresas norueguesas, japonesas, várias inglesas,
israelenses e fiz a seguinte proposta: vocês constituem em Porto Alegre uma
empresa alfa, nós colocamos o lixo, que é matéria prima, na porta, daremos
injeção de impostos e mais pagaremos um “x” pelo lixo restituído por vocês.
Isso foi feito e oficiado a todas elas. Houve resposta? Nenhuma. Porque a
primeira informação que dão essas empresas, que o lixo é rico, que o lixo traz
recursos, que está sendo enterrada a riqueza, mas esquecem eles que a
tecnologia para fazer essa separação do lixo gasta mais dinheiro do que o
dinheiro que vai dar o lixo já reciclado. Gasta mais energia do que a energia que vai dar. Essa é que é a
pura verdade. E para concluir, Vereador - já passo ao debate - eu tenho a
solução. Não adianta estar jogando o problema sem apresentar solução. Nós temos
a solução para Porto Alegre. A solução é uma só, não apenas para Porto Alegre,
mas para qualquer lugar do mundo: é via educação. Só através da educação que
vamos resolver o problema do lixo, isto é fazendo a separação a nível
domiciliar. No momento em que se juntou todas aquelas sobras num recipiente,
seja ele de plástico ou de lata ou madeira, ou seja lá do que for, não se
consegue mais separar essas sobras sem que se gaste mais dinheiro do que o
dinheiro que vai dar essas sobras colocadas novamente no mercado. E gastar
também mais energia, sem contar outro problema que as usinas causam, que é a
poluição. Elas são mal-cheirosas, ocupam espaço, não existe uma usina que não
ocasione esses problemas no mundo inteiro; principalmente, elas conseguem
reciclar uma pequena parcela do lixo da cidade. Tóquio tem essa tecnologia,
cinco grandes usinas conseguem processar 25%, porque 75% do lixo é enterrado
numa ilha lá. Claro que os japoneses, muito preocupados com a ecologia,
construíram uma parede enorme, profunda, para não deixar o líquido percolato, o chorume, ser introduzido
no mar.
O Sr.
Giovani Gregol: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, estava-lhe ouvindo atentamente, até
porque essa questão do lixo, a destinação intermediária e final do lixo é um
problema muito sério na Cidade; produzem mais de 600 toneladas/dia entre lixo
hospitalar, doméstico e industrial. V. Exª não citou, mas o problema do lixo
industrial também é muito sério. E na nossa Cidade ele tem a mesma destinação
hoje: vai tudo para o lixão, a céu aberto e para o aterro sanitário. Eu
considero, os ecologistas consideram que o aterro sanitário não é uma
destinação adequada. Isso é um profundo debate, esta questão do lixo nós vamos
ter que discuti-la muito, ainda. Agora, queria só fazer duas observações a
respeito da sua falação. Em primeiro lugar, realmente a Cidade, especialmente
as grandes cidades do mundo tem, todas, problemas, sérios de lixo. Algumas
conseguiram resolver adequadamente, tratando, inclusive, mais da metade.
O SR.
VICENTE DUTRA: Gostaria que V. Exª
dissesse uma.
O Sr.
Giovani Gregol: Paris e uma aqui mesmo no
Brasil ...
O SR.
VICENTE DUTRA: Absolutamente, Paris tem um
problema seriíssimo. Desculpe, Vereador. Tenho informações muito precisas
sobre Paris. Paris é uma Cidade das que tem mais problemas de lixo.
O Sr.
Giovani Gregol: A questão do lixo não
ocorre em todas as cidades do planeta como V. Exª afirmou, ela acontece nas
cidades grandes, principalmente nos países industrializados, naquelas cidades
dos países do Terceiro Mundo, principalmente de economia não-industrializada ou
o problema é muito pequeno ou ele inexiste, porque a problemática do lixo é
típica da nossa civilização industrial, principalmente do mundo capitalista e
também do mundo socialista. Em segundo ponto, só para concluir, Sr. Presidente,
eu entendo que as usinas não são antieconômicas. Existem várias provas disso,
um Município que era e continua sendo administrado pelo PT, que é Diadema, tem
lá uma usina de lixo. A usina pode poluir ou não, depende da competência
técnica com que o projeto é executado, é implantado, e eu lembro a V. Exª que o
fato da reciclagem do material de vidro, papel, plástico, metal, etc. ser ou
não antieconômica depende do custo dessa matéria-prima. Como nós sabemos que as
matérias-primas como metal, como papel não são renováveis, quanto mais o tempo
passa mais caro ela se torna, ou seja, aquela reciclagem do material que hoje é
antieconômica daqui a dois, cinco ou dez anos poderá não ser, porque o custo
dessa matéria-prima será de cem ou mil vezes mais.
O SR.
VICENTE DUTRA: V. Exª traz aqui uma
contribuição que merecerá um estudo aprofundado de todos os Vereadores desta
Caca. Cada item colocado por V. Exª merece uma resposta, uma apreciação.
Diadema enterra mais de 50% de seu lixo, São Paulo enterra 90%, e veja bem que
São Paulo é uma cidade rica, do lixo; Rio de Janeiro tem um problema insolúvel;
Recife, eu visitei o aterro sanitário e quase fui morto dentro daquele aterro.
Peguei um dia difícil, porque era o dia em que o pessoal recebia informações - catadores - que deveriam sair dali e
daquele dia me atrevi a entrar no aterro e quase perdi a vida lá dentro.
Agora, o lixo, eu continuo insistindo que o lixo é um
problema comum de todas as cidades do mundo. Tem cidades que já resolveram o
problema de água, problema de transporte, problema de meio-ambiente, agora o
lixo é um problema que preocupa a todos, porque não existe uma solução, porque
se apresenta o problema da usina, essa usina já começa a poluir, já começa a
vir o desgaste do material, porque o lixo além de corrosivo é abrasivo.
O SR.
PRESIDENTE: Sr. Ver. Vicente Dutra,
gostaria de lembrar a V. Exª que seu tempo está esgotado.
O SR.
VICENTE DUTRA: É que o problema do lixo é
tão amplo! Peço desculpas à Mesa e nós teremos oportunidade, nesta Legislatura,
de aprofundarmos este assunto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o
Ver. Vieira da Cunha. V. Exª está com a palavra.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs
Vereadores, eu não poderia me furtar, até porque ocupei, de junho de 1986 até
maio do ano passado, um cargo público que muito me honrou e que já foi ocupado
também pelo Vereador que me antecedeu na tribuna, Ver. Vicente Dutra, de
Diretor-Geral do Departamento de Limpeza Urbana, que dentre outras responsabilidades
tem a de dar um destino adequado a seiscentas toneladas, diárias, de lixo que
Porto Alegre gera e produz.
Quero dizer que, logo ao assumir a Direção-Geral do
DMLU, em junho de 1986, uma das primeiras visitas que fiz foi ao famoso aterro
da Zona Norte, na Rua Joaquim Silveira, uma travessa da Av. Sertório; e se
minhas convicções, Ver. Vicente Dutra, ideológicas já me apontavam o caminho da
sociedade socialista, quando cheguei naquele aterro me deparei com centenas de
pessoas, mais do que pobres, mais do que marginalizadas; mas miseráveis e
vivendo essas pessoas e suas famílias e se alimentando, Ver. Vicente Dutra, e
V. Exª também viveu essa realidade, vai concordar comigo - se alimentando,
aquelas crianças, descalças e famintas, daquilo que nós jogamos no lixo. Muitas
cenas, fiz um apanhado fotográfico inclusive, muitas cenas presenciei naquele
aterro. E a partir dali, Ver. Vicente Dutra, a minha presença foi quase que
diária naquele aterro, conversando com aqueles catadores, tentando
organizá-los. Aquela realidade, se me chocou por um lado, costumo dizer e
reafirmo que aquele é o retrato da sociedade capitalista. Quem ainda defende
essa sociedade, que exclui milhões e milhões de irmãos nossos da participação
da riqueza nacional, que coloca milhões e milhões de pessoas vivendo em
condições indignas e subumanas, que coloca aqui em Porto Alegre centenas de
famílias catando lixo, crianças de colo, de pés descalços naquele submundo. Eu
costumo convidar aqueles que defendem essa sociedade ainda a visitar esse
aterro na Zona Norte. Pode entrar naquele aterro defendendo esse modelo
econômico, essa sociedade capitalista, agora, se sair defendendo esse modele
econômico, aí realmente eu duvido que essa pessoa tenha o mínimo de
sensibilidade.
Mas, Ver. Vicente Dutra, ali começamos um trabalho de organização
daqueles catadores, passaram a ter uma área destinada específica de catação, e
passamos a discutir com eles uma forma, não mais individualista de catação, mas
que eles se organizassem em grupos e que criassem ali uma cooperativa de
catação. Agora, a catação em cima do aterro, realmente Vereador, se por um lado
as mínimas condições de trabalho aquelas pessoas, por outro lado prejudica o
próprio trabalho de espalhamento de compactação e de cobertura do lixo naquele aterro.
E lá são 500 toneladas, por dia, de lixo. Então nós passamos a desenvolver um
trabalho coordenado por um excelente técnico, V. Exª já conviveu naquele
departamento, Engº Agrônomo Jaques Saldanha, coordenou um grupo da trabalho que
fez um projeto para implantação, aqui em Porto Alegre, de uma unidade de
reciclagem de lixo domiciliar. Esse Projeto, Ver. Vicente Dutra, não tem nada a
ver com essas soluções que nos países desenvolvidos, países ricos, e não tem
nada a ver com essa usina que foi construída em Brasília. Esse é um Projeto que
eu vou ter o prazer, nos próximos dias, de lhe passar às mãos para que V. Exª
possa estudá-lo e vai ver que ali é uma tecnologia totalmente nacional,
simplificada e que teria condições, por um lado, de dar condições de um
trabalho digno a essas centenas de
famílias de catadores e, por outro lado, desafogaria - não resolveria o
problema todo, concordo com V. Exª - muito os aterros de que dispomos, um na
Zona Norte e outro na Zona Sul da Cidade. Esta Câmara de Vereadores teve alta
sensibilidade e, por unanimidade, na Legislatura passada, há alguns meses,
aprovou o Projeto de Lei que autorizava a operação de crédito do DMLU, através
da Prefeitura Municipal, com o BNDES. O BNDES, através da sua diretoria,
aprovou o nosso Projeto e só os recursos não vieram, só essa unidade de
reciclagem hoje não é uma realidade em Porto Alegre porque o Governo Federal,
em mais uma de suas medidas anti-sociais, cortou qualquer tipo de crédito a
essa área, em nível nacional. Portanto, ficamos frustrados na nossa expectativa
de termos aqui em Porto Alegre um Projeto que dava um passo importante. Se não
resolveria - concordo que não iria resolver - daria um passo importante para
resolver, não só a destinação do lixo, mas também a situação daquelas centenas
de famílias que ainda hoje estão lá no aterro sanitário sem as mínimas condições de trabalho e dignidade.
O Sr.
Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Vieira da Cunha, acho que V. Exª é um homem de
sorte e, pensando que teve azar de não ver sido aprovado o recurso para
implantação desta usina, na verdade, V. Exª teve muita sorte. Seria amaldiçoada
para todo o sempre pela população vizinha do bairro onde fosse instalada essa
usina de resíduo de lixo. V. Exª, se visitar as usinas que existem por este
Brasil afora, vai constatar a procedência do que estou dizendo. Duvido que essa
usina, no papel colocam que ela poderia processar 300 toneladas, eu coloco
minhas dúvidas, Vereador, mas ainda que pudesse processar 300 toneladas,
ficariam mais 300 para serem colocadas em algum lugar e mesmo essa com as 300
toneladas processadas ela tem um resíduo que não se consegue, em torno de 7 a
10%, e uns dizem que chega a 20%, mas ainda assim teria um percentual de 30
toneladas, aproximadamente, por dia, que teriam que ser depositadas em algum
lugar. De modo que a usina, na realidade, como eu disse na tribuna e continuo
afirmando, é uma observação, não tenho conhecimento profundo da questão, mas
cito aqui o Xavier da Luz que, lamentavelmente, nos deixou há seis meses,
considerado a maior autoridade de lixo no Brasil, que a usina não é a grande
solução. A grande solução, continuo insistindo, é via educação. Induzir o
processo educacional para daqui a 15, 20 ou 30 anos, ai sim, o recolhimento seria feito com as sobras
separadas. Então, o plástico vai para a fábrica de processamento, o papel também, e
assim por diante. Nós poderíamos, através da educação, aproveitar essa
população marginal que está, hoje, a catar lixo. Não pensem V. Exas que nos Estados
Unidos, na Alemanha, ou na própria Itália, como eu vi, não tem catadores de
lixo. Existem lá, também, os catadores de lixo. É claro que, aqui no Brasil,
esses problemas são maiores face à miséria que existe. Esse descompasso, não do
capitalismo, como disse V. Exª, mas do capitalismo selvagem, o lucro, a renda,
esse, sim, é condenável, porque não sabe administrar que essa renda seja
dividida por todos por igual.
Eu continuo insistindo, a grande solução do lixo não é a usina que só satisfaz a fonte
geradora da ecologia, ficarão presos toda vida às maquinas que vão sendo
quebradas, aos reatores, porque em seguida começam a dar problemas, cobrando
preços altíssimos para a sua reposição.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Eu agradeço o aparte de
V. Exª, mas quero observar que essa nossa condição favorável à reciclagem não
significa que nós não sejamos favoráveis à coleta seletiva do lixo, à separação
do lixo na origem. Mas como V. Exª bem observa, essa é uma questão educacional
a ser implementada, pelo menos a nível de Porto Alegre, a médio prazo ou, até,
a longo prazo. Enquanto este processo educacional não se desencadeia, a
Administração Pública tem que dar outras
soluções. Eu entendo que a reciclagem, entendendo o ponto de vista de V. Exª, é
uma dessas soluções.
O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas
para cumprimentar a inteligência de V. Exª, tendo em vista a sociedade
distorcida deste País, lembrar, para incorporar ao belo discurso que acaba de
fazer, que, atrás dessa centena de pessoas que catam lixo, diariamente, no
lixão da Zona Norte, existem os vigaristas, os sem-vergonha, os tubarões de fim
de linha, que exploram o trabalho miserável dessa gente. O que há de pior na
tragédia dos catadores de lixo é a exploração do trabalho daqueles miseráveis,
porque enquanto centenas de crianças, mulheres e homens pobres, miserabilizados
como diz V. Exª, passam o dia enfiados no lixo, ao final da sua jornada, quem
fica com o maior resultado desse trabalho é o pequeno tubarão de fim de linha,
o vigarista, como disse e repito, que explora, como explorado é o trabalhador
brasileiro, no trabalho miserável daquelas pessoas.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Agradeço o seu aparte e V. Exa. tem toda a razão. Daí
aquela alusão que fiz, a nossa tentativa e o nosso início de organização
daqueles trabalhadores, no sentido de que eles se cooperativassem, exatamente
para evitar os atravessadores que acabam lucrando com o trabalho daqueles
catadores.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Tenho
aqui um artigo da Gazeta Mercantil de hoje, que diz: "O custo bilionário
de manejar o lixo". A ilha a que se refere o nobre Vereador que falou há
pouco é em Nova Iorque, Long Island, que vai ser fechada em 1990. Isso é um
artigo que mostra que não há solução tecnocrática para a questão do lixo. A
concepção do tratamento do lixo tem que ser ecológica. E lixo, no nosso
entendimento, é matéria-prima, e matéria-prima é energia. Do ponto de vista
economicista, entramos no raciocínio de que o tratamento do lixo não se torna
econômico. Mas não é desse ponto de vista que nós temos que abordar a questão.
Nós temos que abordar essa questão numa ótica muito mais ampla, mais global. O
lixo, do ponto de vista ecológico, e ele assim tem que ser entendido para ele
ter um resultado ecológico, ele é matéria prima e significa energia. Isso já
muitos empresários entenderam, e estão começando a aplicar esse raciocínio com
amplo sucesso em curtumes, aqui no Rio Grande do Sul e em outras indústrias.
Então, quero colocar essa concepção, que tem que estar presente quando nós
tratamos da questão do lixo. Fora isso, apenas citar, para concluir, que o DMLU
está tratando de um projeto de tratamento do lixo, onde perpassa a concepção de
educação popular para essa questão.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Agradeço o seu aparte. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Com a palavra, o
Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, evidentemente que o
assunto que foi tratado, referente ao lixo, é de alta importância, só que eu
vou me ater a um outro assunto, pode ser que até de menor envergadura, mas que
diz respeito ao consumidor. Fui procurado por algumas pessoas que, movidas por
um marketing e por um incentivo ao consumo de uma bicicleta com motor, que são
as ciclomotos, terão que - na minha opinião, para começar - colocar estas
ciclomotos no lixo. A ciclomoto, como não tem 50 cilindradas - e repito, é
apenas uma bicicleta com motor - não tem câmbio, tem apenas uma aceleração, ela
é destinada para o mercado de crianças e é adquirida para o lazer das crianças.
Entretanto, acontece, aqui em Porto Alegre e está acontecendo agora nas praias
do nosso litoral, que os pais levaram esses veículos para utilização das crianças
para lá. E esses veículos estão sendo apreendidos, porque até 50 cilindradas o
veículo não é obrigado a ter licença para ser dirigido. É necessário apenas o
documento, a nota fiscal, a nota de compra. Entretanto, agora, está sendo
exigido, pelo policiamento preventivo ostensivo, que tenha habilitação, isso
baseado numa decisão do CONTRAN, homologada pelo Departamento de Trânsito.
Conseqüentemente, está gerado o impasse. Fui procurado por um grupo para que se
buscasse uma solução e se tomassem as medidas gradativamente, porque eu
acredito que, se não houver condições de permissão para que os menores dirijam
essa bicicleta a motor, teria que haver, no mínimo, uma proibição de
fabricação, porque não se pode colocar no mercado um produto a ser adquirido e
que não poder ser utilizado. Por isso, inclusive, a colocação que fiz
anteriormente, que talvez o destino de todo esse universo de produto que foi
consumido tenha que ser colocado no lixo, porque duvido que o fabricante aceite
a devolução.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre
Vereador, uma decisão do CNT tem força de lei; evidentemente que esse tipo de
bicicleta com motor não foi feito exclusivamente para crianças: tem sido feito
também para adultos que não podem despender tanta energia, ou não queiram
despender tanta energia, ou não queiram despender energia, mas, sobretudo, é um
veículo extremamente econômico. Acho que se alguma coisa deve ser feita, deve
ser encaminhado ao CET para que, examinando, encaminhe, ou não, uma proposição
de revogação dessa decisão do CNT, que deve ser respeitada.
O SR. WILSON SANTOS: Correto, acolho o aparte de V. Exª, que só enriquece o meu
pronunciamento, até porque trago uma preocupação de cidadãos, moradores de
Porto Alegre, sabendo que hoje um grande percentual deles se mudam para a
praia, e lá é que foi gerado o problema. Eu, como mandatário popular, recebi
algumas pessoas que me expuseram o problema, vi que tem procedência, e há o
fator de não se saber o que fazer, então,vou utilizar o poder de influência que
temos, é nosso dever, e encaminhar o problema, que me pareceu, até com uma
visão extremista, se não houver uma solução com o DETRAN, Conselhos Estadual e
Nacional de Trânsito, que se venha a proibir a fabricação, porque não se pode
incentivar um consumo, que foi abordado na nossa discussão, Ver. Dib,
especificamente o problema das crianças, mas que V. Exª, com uma visão muito
mais apropriada, colocou que é um veículo barato, utilizado como meio de
transporte de adultos, e que hoje está impedido, por lei, de circular, mas é
vendido e consumido. Eis aqui o problema que trago, e que não ficará somente no
fato de ter trazido o assunto para a tribuna, vou dar o encaminhamento devido pelo meu gabinete, oficiando e
encaminhando, a começar pelo DETRAN e autoridades governamentais. Fiz,
inclusive, um telefonema hoje ao gerente de marketing da Agrale, em Caxias do
Sul, ele também está estarrecido com a situação, pois eles que produzem não
sabem o que fazer, então nós vamos continuar com esse assunto.
O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Tenho
a impressão, relativamente a essa norma que já tem algum tempo, sobre os
ciclomotores de pequeno porte, o que é do conhecimento pleno tanto das
autoridades que lidam na área do DETRAN quanto os Ciretrans, como também
relativamente ao policiamento de um modo geral, tanto da Brigada Militar, do
DAER, DNER, deve haver algo que tenha levado um policiamento ostensivo a tomar
alguma medida de caráter constrangedor com relação àqueles que estão usando nas
vias públicas esses ciclomotores, porque a questão é perfeitamente pacífica no
que diz respeito à utilização sem necessitar do registro do veículo na
repartição pública e, principalmente, no que diz respeito a habilitação para
dirigi-lo na via pública, de sorte que deve haver alguma razão que tenha
levado, nas praias, o pessoal da Brigada Militar a tomar alguma providência a
respeito dos ciclomotores. Acredito que o caso deva ser examinado em termos
específicos de um fato isolado, no meu entendimento, porque a matéria não é
nova, já é antiga e não há revogação a respeito, portanto acredito que deva ser
examinada com relação à praia e, no
momento, qual o motivo, qual a razão que levou a tomar o
policiamento uma medida de caráter repressivo com relação àqueles que estão
usando os ciclomotores, quando na verdade não há razão alguma para proibir. Obrigado.
O SR. WILSON SANTOS: Nós avançaremos no debate desta matéria e vamos dar o
devido encaminhamento, porque alguém está sendo prejudicado e, neste momento, são os consumidores.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós hoje vamos aqui
fazer um pequeno protesto e dizer que não temos podido entender o porquê que
empresários gaúchos, para verificar problemas na administração pública do Rio
Grande do Sul, se valeram de técnicos de São Paulo. Até mesmo por que, e em
primeiro lugar, nós gostaríamos de dizer que esses técnicos convidados já
participaram, tiveram a oportunidade de participar, na administração pública à
nível federal e nós, lamentavelmente, constatamos que nada eles fizeram e que muito pouco eles fizeram para o Rio
Grande do Sul. A avaliação desses técnicos paulistas, no meu entendimento, é
simplista, é centralizadora e antes de tudo ela nos traz alguma coisa que o povo de Porto Alegre muito bem
sabia, conhece efetivamente este assunto. Quando num dado momento se diz, diz o
Relatório, diz a sociedade gaúcha que a maquina pública está inchada, nós
devemos concordar que está. Agora, nós pegamos sempre um ponto errado da
questão quando dizemos que há muito funcionário público na máquina pública.
Servidor público não concursado realmente tem muito, agora, funcionário público
concursado nós podemos dizer que temos o necessário ou talvez menos do que o
necessário. Iso o Dr. Sayad não fez constar em seu Relatório, que na verdade
nós temos um inchaço na máquina pública, não por responsabilidade do
funcionário público. Com referência à extinção de empresas e uma série de
outras medidas que constam nesse Relatório, nós devemos dizer que, no nosso
entendimento, muita coisa deve ser extinta. Agora,dizer que, por exemplo, a CRT
deve ser federalizada, isso ai a história tem nos demonstrado que não vai resolver o problema do Rio Grande do
Sul. Por que, não? Porque nós sabemos que o Governo Federal através dos tempos
tem relegado o Rio Grande do Sul a segundo plano. O que nós precisamos
relativamente à CEEE, à CRT, à Caixa Econômica, e uma série de outros órgãos, é
um estudo da viabilidade e dessas entidades tradicionais, nós precisamos lutar
é por uma Administração séria.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Gostaria de dar um apoio a V. Exª e também para evitar constrangimentos ou
mal-entendidos, eu queria comunicar a V. Exª que eu entreguei à Mesa, em
questão de duas horas atrás, ao Sr. Presidente, o pedido de uma Comissão
Externa para acompanhar esse problema do relatório Sayad, e que exatamente
citava CRT, a Caixa Econômica e a CEEE. Então eu gostaria, por favor, de evitar
constrangimento, que V. Exa assinasse junto comigo esse Requerimento que já foi
entregue à Mesa há um certo tempo atrás. Evitar constrangimento, porque eu já
entreguei, entendeu? Para não pensar que eu fiz isso em função do seu discurso,
mas está entregue.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sem problemas, nós assinamos. Dizendo então, que o que nós
precisamos são administrações sérias a nível de entidades gaúchas que
têm prestado um relevante serviço à nossa comunidade. Com referência ao caso do
BRDE, também, nós entendemos de que nós precisamos seguir a mesma trilha e ao
que nos consta o BRDE é uma instituição contabilmente
sadia, ou seja, é uma das instituições que vem apresentando lucros, resultados
positivos em suas operações. É uma instituição que apresenta um patrimônio
líquido em valor considerável, é uma
instituição também, que pelo que nos consta, tem uma Administração séria e vem
desenvolvendo suas atividades em benefício da Região Sul e especificamente do
Rio Grande do Sul. Era isso aí. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra, o Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTIN: Sr. Presidente, caros Vereadores, senhores funcionários, senhores
assistentes. Nós gostaríamos, hoje, de promover três registros. O primeiro
deles com relação à isonomia salarial, que é preocupação fundamental, hoje,
dentro da organização da qual eu sou oriundo. Preocupa a todos os policiais do
Rio Grande a questão da igualdade salarial prescrita no artigo 241 da atual
Constituição. Ali está escrito que a isonomia deve se impor, de plano;
portanto, fica aqui novamente o meu registro a respeito da matéria,
especialmente hoje quando todas as entidades de classe estão preocupadas e
procurando movimentar-se no sentido do Governo do Estado agir como costuma
fazer, de modo rápido, de modo ágil, e encontrar uma solução de acordo com o
dispositivo constitucional. Hoje os Delegados de Polícia estarão se reunindo,
assim como os demais servidores da organização policial também o farão e o
fazem com constância a respeito da matéria isonomia salarial. De outra parte,
também quero dizer que já se apressa a comunidade partenoense em proporcionar
condições para que se instale no Partenon a Companhia da Brigada Militar que
vai lá promover um melhor policiamento numa área que carece de proteção, que
carece de uma melhor segurança de modo geral. Não é só o Partenon,
evidentemente, que apenas necessita de providências, de medidas com relação à
segurança, com relação ao que diz respeito ao combate à criminalidade e à
violência em nossa Cidade. Mas é uma área na qual temos já algumas soluções se
encaminhando e uma delas é justamente a colocação, dentro do Bairro, de uma
companhia da Brigada Militar, o que é uma grande conquista da comunidade
partenoense De outra parte, com relação também a providências governamentais,
estamos encaminhando reivindicação no sentido de que o Governador do Estado
oriente o Secretário de Segurança como costuma fazer, de modo ágil, rápido,
como requer a medida pertinente à matéria sobre a qual estamos falando.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só
gostaria de saber qual é o Governo do Estado esse a que V. Exª esta se referindo?
O SR. CYRO MARTINI: Nós só temos no Estado
do Rio Grande do Sul um Governo, me parece.
O Sr. Artur Zanella: O rápido e ágil que V. Exª está se referindo é o Governo
do Estado.
O SR. CYRO MARTINI: Eu entendo que o Governo tem agido sempre de modo rápido,
de modo ágil, e com segurança, e em matéria de segurança nós queremos que
também ele aja desta maneira, com segurança, que crie, institua, dê segurança
para que a Secretaria da Segurança Pública instale o mais breve possível novos
distritos, os quatro novos distritos que foram objeto de decisão da Polícia
Civil. Nós sabemos que os distritos não resolverão todas as questões
pertinentes à violência e à criminalidade, mas quanto mais distritos nós
tivermos ao longo da nossa comunidade porto-alegrense tanto mais efetiva se
tornará a proteção de que nos precisamos. São quatro novos distritos. Nós,
atualmente, temos 15 distritos em Porto Alegre e passaremos a ter 20 distritos,
um deles seria o 17º Distrito, ficaria com a parte da Cidade Baixa de Porto
Alegre, ficaria com o 17º Distrito; o 18º Distrito ficaria ligado à Vila Santa
Rosa, Parque dos Mayas e o Jardim Leopoldina; o 20º Distrito: Cristal, Vila
Cruzeiro. Mas na Vila Bom Jesus, Morro Santana, Cefer 1, Cefer 2, Ipê l, Ipê 2, Jardim Ipú,
Divinéia, Mato Sampaio, Vila Pinto, Vila Brasília, nós teríamos o 19º Distrito.
Eu vejo que esses distritos, urge sejam
instalados, não apenas esses, reclamo também a criação de distritos policiais
para a área da Vila São José, embora, hoje, o 15º distrito, a partir dessa
assinatura por parte do Sr. Secretário da Segurança Pública ficaria,
praticamente, voltado, estritamente, para a Vila São José e adjacências.
Outra
distrital, que vejo, que se faz urgente, que se faz urgente sua criação é uma
distrital para a Lomba do Pinheiro, que no meu entendimento teria que inovar em
matéria de distribuição territorial, porque teria que compreender parte do
território do Município de Viamão e parte do território do Município de Porto
Alegre.
Seriam
esses os meus registros a serem promovidos hoje, na matéria relativa à segurança pública.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Vereador, apenas para congratular-me com V. Exª e dar apoio deste modesto
Vereador a sua proposição. Realmente, Porto Alegre precisa ampliar suas
delegacias distritais para dar mais segurança a sua população.
No primeiro
dia em que fiz pronunciamento sobre a questão da segurança, não fui bem
entendido por V. Exª e merecia um reparo, depois faltou tempo para eu fazer a
explicação: este Vereador não é contra o policiamento ostensivo, eu acho que
tem que ser ampliado. Apenas o que dizia era o seguinte: que em muitos casos,
dependendo do tipo de bandido, do tipo de marginal, ele fica atento àquele
espaço em branco entre a passagem da polícia e ali ele comete o assalto. Então,
precisamos buscar outras formas de segurança. Era isso o que eu queria dizer. E
citava como exemplo o assassinato do jovem Evanir Antônio Braz, que estava
exatamente a 20 metros da guarita de segurança de um condomínio do qual ele
fazia parte, e a 80 passos da 8a Delegacia: da porta do seu estabelecimento ele avistava a
delegacia e vice-versa, contudo ele foi assassinado. De modo que além do
policiamento ostensivo temos que buscar outras formas para conter essa onda de
insegurança em que vive, hoje, o porto-alegrense.
O SR. CYRO MARTINI: Agradeço o aparte do nobre Vereador, e quero, a partir da
experiência que tenho, procurar dar a minha contribuição com relação a isso aí.
Evidentemente que o policiamento ostensivo é fundamental para se promover a
segurança, assim como o trabalho discreto da Polícia Civil é de extrema
importância, mas o distrito com um trabalho de investigação desenvolvido nos
moldes, preconizado pela melhor técnica seria sem dúvida mais eficiente no
combate à criminalidade e à violência de um modo geral. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem): Eu levantaria, Sr. Presidente, uma Questão de Ordem para
obter de V. Exª uma informação: é que no Boletim de Pessoal da Prefeitura
Municipal, do dia 06 de janeiro, V. Exª, através de despacho determinou
instauração de Sindicância para apurar os fatos referidos nos processos 1240 e
2881, ambos de 1988. Contudo o despacho, transcrito aqui no Boletim, não
menciona qual o prazo que a referida Comissão teria para apresentar à Casa os
resultados dos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE: São 10 dias úteis, a contar do dia 05 de janeiro de 1989.
O SR. OMAR FERRI: Não sei se seria possível, antes mesmo de haver conclusões, que a gente pudesse dar uma examinada rápida.
O SR. PRESIDENTE: No decorrer da Sessão lhe dou uma resposta.
Com a
palavra, o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, exatamente há 20 anos eu
fui retirado desta Casa por uma das formas de punição que eu conheço ao longo
da minha vida e que as chamadas classe dominantes escolhem para retirar do seu
caminhos aqueles que os incomodam. Classicamente se conhecem muitas formas de
punição. A que eu sofri muito me orgulha, porque eu tive o meu mandato cassado
numa Câmara Municipal em que hoje não encontro um só daqueles ocupantes. Há 20
anos atrás, comigo, no Legislativo de Porto Alegre, estavam o Alceu Collares,
Aloísio Filho, João Satte, Wilson Arruda, Say Marques, Cleom Gautimozim, Rubens
Alcântara, José Mesquita e tanto outros. Companheiros que se notabilizaram na
política desta Cidade, por suas competências, sua seriedade, por sua
honestidade de trabalho.
Dizem os
estudiosos, os mais chegados à Ditadura de 1964, que a cassação do meu mandato
naquela época foi fruto de um discurso que eu proferi da tribuna da Câmara,
exigindo a reabertura do Inquérito Policial para apurar os responsáveis pela
morte do Sargento Manoel Raimundo Soares. Que, aliás, foi morto, foi
assassinado em Porto Alegre, por uma das tantas formas de eliminação física,
ou psicológica, ou moral ou social, dos cidadãos ou cidadãs que contrariavam
as classes dominantes. E vejam V. Exªs que, vinte anos
após, retorno a esta Casa e ainda continuam impunes. Vivos, gordos, saudáveis e
talvez ricos, aqueles que assassinaram Manoel Raimundo Soares. Como vejo até
hoje impune o responsável ou responsáveis pela morte do Jornalista e Deputado
José Antônio Daudt.
E vejo ao longo da
história deste País que as formas de punição são as mais variáveis, desde
cortar a cabeça de reis e rainhas, ou crucificar, num clássico truque, Jesus de
Nazaré ao lado de dois ladrões. Elas continuam e permanecem ao longo das
sociedades sem que as comunidades tenham maneiras ou formas de se unir contra
as forças que se sobrepõem ao direito.
Aqui em
Porto Alegre existe uma casa de detenção que casualmente foi inaugurada numa
época em que era Governador do Rio Grande do Sul o Dr. Leonel Brizola e
Secretário de Obras Públicas, o saudoso Dr. João Caruso. Pois ali eu estava
como jornalista, como radialista, transmitindo para a Rádio Gaúcha a
inauguração do Presídio Central. Pouco tempo depois, ou poucos anos depois,
João Caruso era recolhido àquele presídio por crime político, por ordem do Dr.
Paulo Brossard de Souza Pinto, então Secretário de Justiça do Rio Grande e,
hoje, todo poderoso, Ministro do Governo Sarney, recolhido com roupas de
presidiário, que, aliás, nem se usa mais no Presídio Central, nas também era
uma forma de punição. Pois companheiros aqui presentes, especialmente os mais
ligados à área de segurança, de formas de punição e da chamada recuperação dos
que cometem delitos contra a sociedade, e entre eles incluo o Dr. Omar Ferri,
um dos mais brilhantes criminalistas deste Estado. Diz o Dr. Omar Ferri que foi
ex-presidiário politicamente - mas quem é que está no Presídio Central hoje?
São 1.030 cidadãos que lá se encontram. Será que alguns deles foi atingido pela
chamada Lei do Colarinho Branco? Lá estará algum explorador do povo, algum
genocida consciente ou lá estão pessoas humildes, desajustadas, marginalizadas,
exploradas, trancafiadas pela sociedade brasileira? Quem são os detentos do
Presídio Central? Quem são aqueles homens? O que é feito pela sociedade desta
Cidade, deste Estado e deste País para que eles saiam de lá recuperados? Nada.
V. Exª sabe que nada. Pois estou encaminhando, aqui, estou aprendendo agora,
porque quando fui Vereador fiquei pouco tempo. Eu e o Ìndio Vargas fomos retirados sem julgamento e
explicação. Aliás não pedi para ninguém, sem remuneração, sem fundo de
aposentadoria. E mais, fui expurgado da Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
onde era funcionário e hoje voltei a ser, por força da Lei de Anistia; passei
10 ou 15 anos sem receber meus vencimentos de funcionário e não cobrei. Pois
aquelas pessoas que lá se encontram, recolhidas ao Presídio Central, têm um
gravíssimo problema, meu caro Ver. Omar Ferri e meus caros Vereadores, não
existe no Presídio Central um telefone público. Por isso, Ver. Valdir Fraga,
nobre Presidente, estou encaminhando ao Governador Simon, - regimentalmente se
chama Indicação - para que S. Exª determine à Superintendência dos Serviços
Penitenciários a instalação de, pelo menos, um telefone público em cada uma das
três galerias do Presídio Central, porque aqueles 1030 homens que lá estão
cumprindo penas das mais variadas, alguns por falta de um advogado que entre
com um simples pedido de relaxamento de prisão, ou aplicação da liberdade
condicional, até por término de pena, eles não têm como se comunicar com as
suas famílias, com os seus advogados, com a Ordem dos Advogados, ou, quem sabe,
com a Câmara Municipal de Porto Alegre, porque esta Casa representa,
também, os detentos do Presídio Central.
Pois estou
pedindo isso, a instalação de três telefones públicos no Presídio Central para
que os presidiários possam, a qualquer momento do dia ou da noite, com um
fichinha telefônica se comunicar, ou com a sua esposa, com seu filho, com seu
pai, ou com os seus amigos, ou com o seu advogado que, talvez, seja muito
importante para a maioria dos detentos.
Eu sei que
também na cabeça de muita gente que tem a mente distorcida surgirá
imediatamente um argumento: não, eles lá de dentro vão programar assaltos. Mas
no Planalto não assaltam todos os dias? Não estão permanentemente programando
assaltos contra a Nação Brasileira? Já não foi anunciado, aqui, hoje, por um
Vereador da Bancada do PT, de forma muito clara, que está se programando um
assalto contra o salário do trabalhador brasileiro através da extinção da URP e
da criação de um mecanismo de pré-fixação do salário, sabidamente para arrochar
ainda mais o miserável ganho da classe trabalhadora? Eu não vou aceitar esse
argumento.
Quero
confessar a V. Exªs que, na condição de Advogado, ainda no ano passado tentei
junto à Superintendência dos Serviços Penitenciários essa modesta colaboração
com os presidiários do Presídio Central. Peço a colaboração da Câmara
Municipal, porque eu acho que é uma
questão humana de dotarmos aquele Presídio deste beneficio aos presidiários
para que possam ter, futuramente, pelo menos os meios de comunicação que são
inerentes a cada cidadão, a cada ser humano com as suas famílias, com os seus
advogados.
O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Apenas para dizer a V. Exª que estou acompanhando com muita atenção o seu
discurso, e me solidarizo com ele, mas quando V. Exª falou que não existem
criminosos de colarinho branco nos presídios deste País, isso não é
exclusividade nossa do Rio Grande do Sul, é mais exclusividade dos outros
Estados, porque, aqui, de vez em quando, até condenamos alguém, e nos outros
Estados, principalmente no Norte deste País, não. Mas é apenas para dizer que o
Código Penal, segundo os entendidos, foi criado para ser aplicado, quase que em
caráter de exclusividade, contra pobres, brancos, negros, desempregados e que
o Código dos ricos é o Código Civil, que é, justamente, aplicado, ainda sim,
contra os ideais e as aspirações dos pobres.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero
dizer a V. Exª, e o faço em nome da Bancada do PDS, que apóio integralmente a
sua sugestão, e em muito boa hora, de propiciar comunicação aos presos. Eu
acho, com os conhecimentos que tenho, que nós vamos formar bandidos mais por
raiva e frustração do que dar aquelas condições mínimas humanas que um elemento
que está entre as grades merece conviver. Nós temos que dar as mínimas condições.
E esta da comunicação para mim é uma surpresa, pensei que existissem orelhões
lá, e têm que ser colocados imediatamente. Não posso admitir que o Governo do
Estado não tenha pensado ainda nessas condições, não só em relação aos
orelhões, mas outras condições humanas para que esse preso que esta lá, o
preso primário, não passe a delinqüir e se formar um bandido profissional com
raiva da sociedade, alijado de tudo, inclusive da comunicação com a sua
família.
O SR. DILAMAR MACHADO: Tenho informações de que no Presídio Central existe um
telefone, que é o da Administração. Para um Presidiário conseguir se comunicar
com a sua esposa, com o seu advogado, com a sua família, ele precisa pagar
muito caro a quem está ali cuidando do telefone. Disseram-me que é na ordem de
5 mil cruzados para poder dar um telefonema.
Qual é o
presidiário que tem 5 mil?
O Sr. Omar Ferri: Esta é uma denúncia muito grave. Através da denúncia, V.
Exa. está afirmando que existe corrupção.
O SR. DILAMAR MACHADO: Corrupção existe em qualquer parte deste País. Aliás, o
Brasil é o campeão da corrupção. Existe lá, existe aqui, existe em qualquer
lugar. V. Exª sabe mais do que eu.
Voltarei a
esta tribuna, possivelmente amanhã, para colocar mais uma forma de punição e eu
peço atenção ao Ver. Flávio Koutzii, Líder do PT, com relação às nossas Escolas
de Samba de Porto Alegre. Vou-me referir, especificamente, a uma escola que
conheço muito bem, desde sua fundação, sua quadra, suas dificuldades, que é a
Escola de Samba Estação Primeira da Figueira do Morro Santana. Faço, também,
solidariedade à Relâmpago, à Imperadores do Samba, à Restinga, enfim, a todas
as Escolas de Samba de Porto Alegre, que sofrem, hoje, um processo de
deterioração da sua capacidade artística, porque o Carnaval, neste País, é o
único espetáculo em que o artista paga para trabalhar, o único espetáculo
artístico público no Brasil em que os grandes artistas vão para a avenida
pagando, para proporcionarem o espetáculo à população. Em meados do ano
passado, o Prefeito Alceu Collares entregou à comunidade do Morro Santana, à
Estação Primeira da Figueira, com permissão de uso, um terreno abandonado, que
era um monte de lixo, que era uma área verde sem qualquer utilidade. Entregou
por escrito. A Escola de Samba mandou fazer a terraplenagem, construiu ali uma
pequena sede de madeira, está construindo uma creche de madeira e, nesse meio
tempo, a Associação dos Moradores entrou em juízo, com uma ação cautelar
pedindo uma liminar, que não foi concedida pelo juiz, para retirar a Escola de
Samba daquele lugar. Pois, na semana passada, o atual Secretário do Meio
Ambiente, que é carnavalesco, que eu vi ao longo dos anos desfilando na
avenida, fantasiado, nas escolas de samba de Porto Alegre, chamou o Presidente
da Estação Primeira da Figueira, que coincidentemente é meu filho,
coincidentemente é militante do PDT, e lhe deu 24 horas para desocupar a quadra
de samba. Eu acho essa atitude arbitrária, não é honesta, na véspera do carnaval é perigosa. Peço à Bancada do PT
que tome providências junto ao Prefeito Olívio Dutra. A Escola não vai
desocupar a quadra e vou comunicar a V. Exª: não vai desocupar antes do
carnaval, até porque a questão está em juízo e não se pode passar por cima de
uma decisão judicial. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Edilberto Morelli.
Ausente. Ver. Elói Guimarães. Desiste. Ver. Gert Schinke, V. Exª está com a
palavra.
O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, público presente. No 30º
aniversário da Revolução Cubana, no 10º aniversario da Revolução da Nicarágua
e no 21º dia do assassinato do nosso companheiro Chico Mendes, ao qual eu
dedico este pronunciamento, eu quero registrar aqui que, em homenagem à memória
do Companheiro Chico Mendes, tomei a iniciativa de colocar uma tarja preta em
meu gabinete, que estará lá durante um mês, em protesto ao assassinato do nosso
companheiro, e pedindo, reiterando a necessidade de que seja apurado o crime cometido, não só contra o sindicalista, mas
contra o ecologista e o movimento ecológico brasileiro e internacional. A
repercussão do assassinato do companheiro Chico Mendes está estampada em todas
as manchetes dos principais jornais deste planeta. A repercussão vai tão longe
que, hoje, se articula, na Europa, a criação de um Tribunal Ecológico, que
julgaria a ação dos grandes grupos econômicos atuantes na Amazônia e que nós,
aqui, apoiamos. Chico Mendes chegou a ser comparado a Ghandi pela imprensa
européia: são dados importantes que coloco aqui, e citados num extenso artigo
do Jornal do Brasil, de segunda-feira, que se chama Tribunal Ecológico. Vou ler
um pequeno trecho do parágrafo final desse artigo:
(Lê.)
“Chico
Mendes, no Brasil, era uma das pessoas que sabiam dessas coisas.
Transformou-se, num rápido período, em figura de projeção internacional. Sua
morte não vai jogar o Brasil, de um momento para o outro, num estágio avançado
de consciência ecológica. Mas jogou pelo menos o Brasil na era da
ecologia. De algum modo, por conta do seu sacrifício, entramos nessa nova era -
ainda que com grande atraso. Prender e julgar os seus assassinos é parte
indispensável dessa mudança de perspectivas. O Brasil deve ao mundo e a si
mesmo esse ato de justiça - mesmo que essa justiça seja ainda uma débil
claridade na escuridão da selva.”
E eu afirmo
aqui, neste Plenário, diante dos companheiros presentes, que se o culpado, ou
culpados, ou mandantes da morte de
Chico Mendes, não forem para a cadeia, eu irei para cadeia em sinal de protesto
à impunidade que campeia neste País, e que esse fato político do nosso
companheiro Chico Mendes sirva para ecoar, por todo o mundo, a questão da
ecologia, que há muito tempo é o nosso mote de luta ambiental, o nosso
movimento social, o nosso movimento ecológico. Eu quero me parabenizar com uma
idéia que foi levantada na semana passada pela Deputada Ecléa Fernandes que
institui o Prêmio Chico Mendes à pessoas que tenham se destacado na luta
ecológica; ao mesmo tempo colocar aqui que existe uma Comissão de cinco
Senadores norte-americanos que estão no Brasil investigando a questão
ambiental, a questão da verba e dos empréstimos que estão ainda pendentes por
parte do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Banco Mundial, para as
questões da Amazônia, são tudo informações que nós recebemos, inclusive
noticiadas na imprensa. Essa Comissão de Senadores estaria tendo dificuldades
em acompanhar, investigar as questões relativas ao meio ambiente no Brasil e
mais notadamente na Amazônia. De maneira que nós estamos acompanhando de perto
a visita desses Senadores Americanos e vamos ainda denunciar aqui desta tribuna
as pedras que vão ser colocadas no caminho desses Senadores, que nada mais são
que uma tentativa de levar à opinião pública internacional o descalabro com que
é tratado o meio ambiente neste País. Quero registrar também, já foi
amplamente noticiado na imprensa, teve uma enorme repercussão, o fato de eu
estar lançando o Companheiro Fernando Gabeira à chapa de Vice-Presidente do
nosso companheiro Lula para Presidente da República, em função de uma
argumentação que nem é preciso colocar aqui, mas que está presente no telex que
nos foi enviado. Se algum companheiro quiser dar uma olhada, eu posso ceder. Eu
queria comentar quanto às primeiras medidas que foram tomadas pela SMAM, pelo
nosso Secretário, Caio Lustosa, que eu saúdo aqui integralmente. A primeira é
no que toca à suspensão dos cortes de árvores, das licenças de corte de árvores
que vão ser estudadas caso a caso. A revisão do Projeto Praia do Guaíba e que
foi instalada uma Comissão e que tem como caráter estudar as primeiras medidas
que nós julgamos necessárias para revisar todo o projeto Praia do Guaíba, que engloba
os postos - e tenho inclusive aqui em meu poder, posso mostrar aos Srs.
Vereadores, um abaixo-assinado, por exemplo, no que toca à instalação de um
posto de gasolina que foi remetido ao ex-Presidente desta Casa e que consta de
algumas centenas de assinaturas contra a instalação de um posto desses
quatorze postos da Petrobrás, que já foi mencionado no pronunciamento do
companheiro Ver. Flávio Koutzii e que está sendo contestado pela comunidade
local, porque esse posto estaria sendo localizado, previsto em cima de uma área
verde, que é uma praça que há muito tempo vem sendo reivindicada por aquela
comunidade.
Quanto ao fechamento
da avenida nos fins-de-semana, nós podemos aqui anunciar que isso vai-se fazer
pela primeira vez a partir deste sábado, às 10 horas da manhã para o qual nós
conclamamos a presença dos Srs. Vereadores, vai ser um ato público de
fechamento dessa avenida e com o qual nós já concordamos, porque como já foi
colocado pelo nosso Líder de Bancada, a ótica como vemos essa avenida é completamente diferente daquela
colocada por alguns colegas Vereadores.
Queremos saudar a instalação, também, dos equipamentos
que o nosso Secretário Caio Lustosa está colocando na ponta do Gasômetro, mas
esclarecendo que esses equipamentos que são placas de advertência, chuveiros,
eles não procuram incentivar o banho das pessoas ali no rio porque o rio está
poluído, está contaminado e é perigoso o banho, mas, muito antes pelo
contrário, eles procuram fazer com que as pessoas entendam que aquilo ali deva
ser um local apenas de banho de sol e lazer. Nesse sentido, a Frente Popular já
está com um projeto em andamento de várias medidas que procuram entreter a
população durante o fim-de-semana e nós achamos que essa é a melhor maneira da
população fazer o "footing", a pé ou de bicicleta em vez de automóvel
ao qual já se referia aqui um colega na tribuna. O "footing" eu
entendo que se faz a pé e não de automóvel. As primeiras medidas da SMT, eu
quero saudar também no que toca à fixação dos horários dentro dos ônibus. Hoje
inclusive eu vinha andando de ônibus para cá, e perguntei para o cobrador
quanto tempo, de quanto em quanto tempo o ônibus era largado. E ele me falou
que de 12 em 12 minutos, isso às 8h da manhã. Só que eu já estava há 20 minutos
na parada. Então essa fixação dessa tabela de horários é mais do que
necessária, é para a própria população ter condições de controlar os ônibus e
denunciar para a fiscalização da SMT. Para encerrar, Sr, Presidente, me
permitam comentar também as medidas de contenção de gastos e elogiar as
primeiras medidas, mesmo que ainda pequenas eu acho que elas carregam dentro de
si o espírito de Administração da Frente Popular, no que toca à poupança de
combustíveis dos automóveis, à elucidação dos fantasmas da Prefeitura e outras
medidas que estão amplamente noticiadas na imprensa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o
Ver. Giovani Gregol, que tem a palavra.
O SR.
GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, quero fazer aqui uma saudação especial às pessoas que estão aqui
pacientemente participando, ouvindo essa Reunião da Comissão Representativa da
Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e desejo também recordar aqui que na
minha estréia, na minha primeira manifestação nesta Casa, semana passada,
também numa Reunião dessa Comissão Representativa, eu comentava alguns
problemas, algumas medidas em relação a esses problemas que o Executivo
Municipal, principalmente através da Secretaria de Meio Ambiente, cujo titular
hoje é o nosso companheiro de movimento ecológico, combativo Caio Lustosa,
tomava em relação à instalação de equipamento publico principalmente chuveiros
e placas de advertência ali na ponta do Gasômetro, tentando principalmente
prevenir os afogamentos que lá acontecem há vários anos. Houve mais de seis em
menos de trinta dias com duas mortes recentemente, e tentando dar mais
comodidade àquela população que lá pratica o seu lazer. Antes de colocar alguma
coisa a respeito dessa polêmica da Av. Beira-Rio e de seu fechamento
temporário, gostaria de trazer aqui à baila outro assunto, que é a respeito do
loteamento e do Processo que institui um Projeto de Loteamento da área chamada
Morro do Osso. Esse Projeto é um dos mais antigos que tramita nesta Casa. Ele
iniciou sua tramitação quando era Prefeito o aqui colega Ver. João Antônio Dib;
em julho de 1983 iniciou sua tramitação e, felizmente, felizmente, eu digo,
para a população, para a maior parte do povo de Porto Alegre, para o meio
ambiente da Cidade, para nós, ecologistas, para nós membros inclusive do
Partido dos Trabalhadores e outros que pensam como nós, não se concretizou. E
ontem em audiência com o Sr. Prefeito Municipal, companheiro Olívio Dutra, nós
pedimos a ele que, como titular do Executivo, pedisse a retirada desse Projeto.
E ele assim o fará, hoje ou amanhã, dependendo das tramitações burocráticas. De
forma que esta Casa e a opinião pública de Porto Alegre pode considerar que o
Projeto de Loteamento de 200 hectares, belíssimos, uma das últimas áreas de
preservação deste tão castigado Município de Porto Alegre, conhecida
popularmente também como Sétimo Céu, que há décadas é área de lazer, área de gozo estético, área de valor paisagístico,
com uma cobertura de mata nativa bastante extensa, com existência de aves, fauna,
e o tipo de animais que ainda existem ali naquelas matas, está a preservação dessa área garantida e, por enquanto, tomamos
apenas a iniciativa de retirar o Projeto de loteamento daquela, área.
Posteriormente, o Governo da Frente Popular tratará da utilização mais
adequada a longo prazo e definitiva daquela área, porque nós entendemos, como
sempre, que aquela área deve ser integralmente preservada e ser colocada da
forma a mais adequada possível, a mais racional possível, e a mais bem
aparelhada possível à disposição da população de Porto Alegre, principalmente
através da instalação lá de um parque e/ou uma reserva pública municipal.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero dizer a V. Exª o que eu já disse muitas vezes,
inclusive desta tribuna: as administrações continuam, trocam-se apenas os
administradores. Esse processo citado como sendo realizado na minha
administração vem de muito antes, vem de muito tempo. Eu quero dizer que tenho
preocupação com o equilíbrio ecológico, com a proteção do meio-ambiente, mas
que também, de repente, é preciso que se analise - eu não sei se o Sétimo Céu
ou o Morro do Osso são as mesmas coisas, mas posso dizer que apesar das
bengalas eu estive no Morro do Osso - e eu
quero lembrar a V. Exª que o Morro da Glória, Jardim Cascata, Morro da Polícia,
não tiveram um loteamento, medidas corretas de proteção de meio-ambiente.
Então, subindo o morro em linha reta, sem preocupação com curva de nível,
podemos dizer que, amanhã, vamos ter deslizamento de morro com sérios perigos
para aqueles que residem nas fraldas do morro.
Eu quero dizer que antes de fazer uma afirmativa talvez um tanto quanto precipitada de que há uma vegetação intensa, porque a legislação municipal não permite que se construa no topo do morro e o IBDF não permite que se mexa na parte que tem mato. No caso do Morro do Osso, no topo não tem mato, tem nas fraldas. Eu penso que o Projeto procurou analisar e avaliar tudo isso aí, o topo do morro não tem nenhuma árvore.
O SR.
GIOVANI GREGOL: Agradeço, Vereador, pelo
aparte, porém quando eu citei a origem do Projeto eu não quis dar a entender
que era de sua iniciativa, apenas fiz um histórico de quando data. Está aqui o
processo comigo e data de 1983. Quanto à importância e à extensão da cobertura
vegetal, ela parte do conhecimento da minha pessoa sobre o assunto e também de outras pessoas, inclusive
embasadas em laudo técnico, pedido pelo Presidente desta Casa, e assinado pelo
Engº Florestal Antônio Luiz Rosso e pela Geóloga Lenice Chanan, dizendo
exatamente isso que eu afirmei sobre a importância da cobertura vegetal e da
área em geral, e inclusive recomendando tecnicamente nenhum tipo de loteamento
ou de construção lá, tanto na área de declive protegida, aliás, pelo Código
Florestal como na área do topo do morro. Essa é a nossa posição, entendendo
assim, por que o Sr. Prefeito Olívio Dutra retirou esse Projeto.
O assunto seguinte, Sr.Presidente e Srs. Vereadores, é
a respeito dessa tão falada ou mal fadada Av. Beira-Rio.
Em primeiro lugar, gostaria de deixar bem claro que
embora do ponto de vista estritamente Legislativo, esse Projeto de Avenida ora
executado tenha sido uma iniciativa separada do também mal-fadado Projeto Praia
do Guaíba, me parece fora de questão que essa Avenida, na realidade, cumpre a principal finalidade de ser a ponta de
lança do referido Projeto Praia do Guaíba, viabilizando assim, através do fácil
acesso, o futuro, pretendiam à época
os anteriores Administradores da Prefeitura o loteamento privado daquela área pública.
É nisso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que consiste
o Projeto Praia do Guaíba. Não adianta fazer firulas e dizer que quer devolver
o rio. Esse núcleo, contra ele é que o movimento ecológico do Rio Grande do Sul
e a população de Porto Alegre, que se expressou através de mais de dez mil
pessoas, que fizeram, aquele sim, legítimo abraço ao Guaíba. O Governo da
Frente Popular não quer que esta área fique, inclusive, abandonada, com acúmulo
de lixo, com pouca iluminação, com problemas de assalto etc. Nós queremos, sim,
urbanizar esta área, mas urbanizá-la cumprindo a sua finalidade específica que
é a de lazer e de preservação, colocando lá jardins; fazendo construções,
fazendo obra pública como colocamos lá chuveiros, mais vestiários. Agora,
nunca, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, entregando a área pública à iniciativa
privada, vendendo terrenos públicos como queria fazer o Prefeito Collares, a
iniciativa privada, para que lá construam edifícios de 20 andares, para que a
iniciativa privada lucre.
Em segundo lugar, o fechamento dessa Avenida nos
feriados - lembro – e fins-de-semana, foi um compromisso largamente,
publicamente assumido pelo atual Prefeito, e agora, neste sábado às 10h da
manhã inicia-se o cumprimento.
Em terceiro lugar, isso é muito importante, já foi
referido aqui pelo Ver. João Dib, é sabido agora publicamente que a qualidade
da obra da Av. Beira-Rio deixa muito a desejar – aliás, o que me parece, não é
uma exceção, infelizmente, na Administração anterior. Ontem estive lá fazendo
uma vistoria, acompanhado de um engenheiro civil, e constatamos o seguinte:
que o talude desta obra foi feito de forma inadequada. Que o escoamento das
águas foi mal-projetado e mal executado, inclusive em vez de tocar água para o
Rio Guaíba, que está ali perto, toca água para dentro do Parque Marinha do
Brasil, fazendo lá um novo brejo que não está previsto no Projeto de execução
desse parque.
Disso se conclui, senhores, que a vida útil dessa
Avenida será, não sei se infelizmente ou felizmente, mas infelizmente aos
cofres públicos de Porto Alegre, a vida útil será extremamente curta e,
inclusive, a Prefeitura desta Cidade gastará recursos muito altos, tentando dar
uma sobrevida a essa obra que em alguns aspectos pelo menos foi mal executada,
não sei se também mal planejada. De forma que se justifica plenamente esse
fechamento e acho que deveria ser definitivo. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Liderança com o PT, Ver.
Adroaldo Corrêa.
O SR
ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, para uma comunicação do PT em função de que foi suscitada aqui a
necessidade de uma resposta pelo Vereador a quem saudamos, na primeira parte do
discurso, de retorno a esta Casa, um discurso que nos comove, nos traz a
lembrança amarga de tempos que combatemos, e para o necessário registro de que
a notícia dada na segunda parte do discurso do Ver. Dilamar Machado é notícia
de anteontem; a notícia de ontem que é a resposta
do Secretário Caio Lustosa e que tive a oportunidade de solicitar, preocupado com
essa questão, solicitar a ele e à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, porque
também tenho responsabilidade de estar aqui, não representando, mas vivendo com
a comunidade a expectativa de um dos melhores carnavais de Porto Alegre, venho
a esta tribuna dizer que o Secretário Municipal do Meio Ambiente registrou no
jornal de ontem, através de nota da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. (Lê
a nota publicada na imprensa.)
Apenas essa a indicação que não é motivo de
legislação, mas que é um problema gerado na comunidade naquilo que a
comunidade, nas suas diversas e múltiplas vivências sociais tem com o carnaval,
assim como tem a Escola Imperadores do Samba ali junto à comunidade do Bairro
Menino Deus. Nós gostaríamos de dizer, para salientar que foi nossa preocupação
desde que no domingo à tarde nos encontramos com o filho e Presidente da Escola
Estação Primeira da Figueira, no programa do companheiro Giró, nesse programa
tivemos a preocupação de encaminhar o justo interesse da Escola, em concluir a
sua apresentação, que não se faz apenas no dia do desfile da avenida e que
temos certeza que é construída com esforço, com suor, durante o ano inteiro. E
uma preocupação da Frente Popular ter a participação da comunidade e o
entendimento da comunidade do que seja o resgate da cultura, do movimento
social de Porto Alegre, que também se faz através do carnaval.
Nós temos certeza de que este que apenas deve ter sido
um mal-entendido de parte do nobre colega, está respondido dessa forma. E seguramente a Liderança do Partido dos
Trabalhadores nesta Casa, suscitada pelo Vereador, pretendeu responder nesta
intervenção. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vieira
da Cunha.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o que me traz à tribuna é o pronunciamento do Ver. Gregol a
respeito da Av. Beira-Rio e do Projeto Praia do Guaíba. Iniciar dizendo, Ver.
Gregol, que se é verdade a informação trazida de falhas na construção da
avenida, eu não concordo com V. Exª que o dinheiro público deve ser empregado
na reconstrução dessa avenida. Deve, isso sim, o governo da Frente Popular responsabilizar a empresa construtora,
porque, se construiu mal, deve reconstruir ou indenizar o Município dos
prejuízos causados. Não me parece que o Governo da Frente Popular vai investir
dinheiro público numa obra mal feita por uma empresa particular. E depois para
dizer, Ver. Gregol, que nós do PDT não somos favoráveis, como V. Exª quer fazer
crer, à privatização de qualquer área pública. Ocorre que ali, naquela área,
existia um projeto, um estudo para cuja concretização desse projeto são
necessários recursos. V. Exas que agora são governo vão ver que até para instalar uma
ducha, para fazer um sanitário, como é a pretensão do atual titular da Pasta,
são necessários recursos, e que a Prefeitura infelizmente está passando por uma
situação - já estava quando assumimos e foi assim durante todo o nosso Governo
- e certamente assim será, pelo menos no início do Governo da Frente Popular,
não dispõe desses recursos. Então, se tratava ali que em tese somos contra, mas
no concreto, ou se apanhavam recursos da iniciativa privada em troca da venda
daqueles terrenos, ou o projeto não se concretizava. Mas apenas isso Vereador,
mas em tese nós também não somos favoráveis à alienação do patrimônio público
pela empresa privada, mas o projeto não seria possível, tenho certeza de que
não vai-se concretizar, a não ser por medidas mínimas, mas em si, globalmente
como foi previsto, não vai-se concretizar sem que a Prefeitura lance mão desse
expediente. Por último, Vereador, quero me referir e saudar o resgate dos
compromissos de campanha assumidos pela Frente Popular, pelo PT e PCB em praça
pública, porque diziam, e eu ouvi alguns discursos, inclusive que iam dinamitar
- claro que por força de expressão - a av. Beira Rio e, agora, o Ver. Gregol
vem à tribuna defender o fechamento definitivo da avenida, o que é um sinônimo
da dinamitação, como ela deveria ter sido entendida, quer dizer, a destruição,
o fechamento definitivo da avenida significa simplesmente a destruição ou a
dinamitação, entre aspas, dessa mesma avenida.
Eu saúdo o Ver. Gregol, porque há um resgate de
compromissos assumidos em campanha, sem tergiversar, como está havendo no caso
do preço da passagem de ônibus em Porto Alegre. Nós passamos, o PDT, a campanha
inteira ouvindo que o trabalhador porto-alegrense estava sendo roubado, que o
preço da passagem era um preço injusto, era excessivo, era extorsivo, e, agora,
vão me dizer: "Nós estamos há poucos dias, nós recém assumimos! Mas isso é
Decreto do Prefeito, ou será que não? Ou será que não amadureceram, durante
esses meses todos, que a passagem de ônibus, em Porto Alegre, era extorsiva? E
por que uma das medidas do Governo Olívio Dutra não foi, exatamente, baixar o
preço da passagem ao preço justo? Por quê? Então, eu saúdo, Ver. Gregol, que
esteja havendo resgate desse compromisso de campanha, nessa questão da
Beira-Rio. E espero que o segundo resgate de compromisso de campanha seja a
redução da tarifa de ônibus, sem tergiversação! Porque o Ver. Antonio Hohlfeldt
já foi aos meios de comunicação dizer que a melhoria da qualidade do transporte
coletivo também, no seu entendimento, era baratear o preço do transporte
coletivo. Ora, baratear o preço do transporte coletivo é diminuir, é fazer com
que o preço atualmente pago seja diminuído do concreto e não fazer cumprir o
que é obrigação da Prefeitura: fiscalização de horário e qualidade do
transporte coletivo. Eu saúdo, então, Ver. Gregol, o resgate dos compromissos
de campanha, esse primeiro que é o do fechamento definitivo da Avenida
Beira-Rio, e espero que o segundo passo seja o efetivo barateamento do preço da
passagem do transporte coletivo em Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
José Valdir.
O SR. JOSÉ
VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
infelizmente eu vou ter que começar fazendo um registro sobre esta matéria
intitulada "morte matada", que saiu na Zero Hora. E eu digo
infelizmente porque acho que esta Casa tem assuntos muito mais relevantes para
tratar do que essas abobrinhas que são colocadas, em primeiro lugar, pela
maldade com que foi colocado o assunto, com algumas coisas que não foram
absolutamente verdadeiras. Este Vereador não insistiu e nem chamou de saudoso a
Larry Pinto de Faria. Este Vereador apenas cometeu um incidente, ou um
acidente, no seu discurso, que foi corrigido pelo Ver. Zanella e que acatou, de
pronto, a correção. Eu quero dizer, Ver. Zanella, que não tenho pruridos em colocar
que uma das tarefas nossas é aprender aqui: às vezes aprender como não deve ser
um Vereador e às vezes aprender como deve ser um bom parlamentar. Então, não
tenho nenhum problema quanto a isto, apenas lamentar que se tenha que perder
tempo com uma questão como essa. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que
eu queria, hoje, é retomar uma questão que foi colocada já na semana passada,
que é a questão do ensino. Ao abordarmos essa questão, temos que ter em mente
dois aspectos fundamentais: primeiro, a questão material das escolas e isso
implica na questão dos recursos para manutenção dos prédios, aquisição de
equipamentos, alocação de técnicos especialistas, etc. Sem a adoção dos
recursos adequados das verbas não se pode ter avanço significativo neste campo.
Segundo, a realidade sobre a qual se pretende intervir. Conhecer essa realidade
e ter propostas claras de ensino, quanto aos objetivos que se quer atingir e os
métodos pedagógicos que se pretende utilizar, é fundamental nesta questão.
Pois, em meio à miséria geral do ensino, as escolas caindo, mal equipadas pela
falta de prédios, falta de material didático e pedagógico, falta de material
humano, assistimos à preocupação de investir em um tipo de prédio altamente
sofisticado que são os CIEMs, com custos elevados para atender a uma parcela
muito pequena da população. E o discurso fácil tem vendido a imagem de que é
possível um processo cumulativo, construímos tantos, iremos construir mais, e,
em pouco tempo, dessa forma, os CIEMS se generalizariam e a questão do ensino
estaria resolvida, em quantidade e qualidade para atender toda a população
carente de Porto Alegre. Já demonstrei, no meu pronunciamento anterior, e
baseado num relatório desta Casa, feito pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, a
impossibilidade prática de resolver o problema da educação e do ensino em Porto
Alegre dessa forma. É necessário, neste momento, que se faça um levantamento
sério, que envolva a participação da sociedade, das associações comunitárias
para se determinar o número exato de crianças que estão fora da escola. Antes
de nos preocuparmos com a construção, a edificação de prédios luxuosos, e de
dois turnos, é necessário que a administração municipal se preocupe com aqueles
que não têm turno nenhum, porque não têm escola. Essa é a questão fundamental e
que a Frente Popular está preocupada. A outra questão é quanto ao atendimento
dado nos CIEMs, pois freqüentemente é apresentado pela propaganda como um
modelo de perfeição: café da manhã, almoço, lazer, banho tomado e jantar. Temos
exemplos, e temos os dados, oportunamente colocarei desta tribuna, de que entre
a propaganda e a realidade vai uma distância igual à distância entre o céu e a
terra. Não é assim como é apresentado. Mas é no campo pedagógico que fica claro
que muito pouco ou nada se produziu, apesar
da propaganda, porque a proposta dos CIEMs parte de pressupostos polêmicos
no campo científico, e esses pressupostos são aplicados, às vezes, de forma
estreita, mecânica e absoluta, como, por exemplo, a afirmação de que a má
alimentação impede a aprendizagem, como já ouvi aqui; a outra afirmação é de
que o segundo turno melhora a qualidade do ensino. Quero colocar que, alguns
chamam isso de revolução no campo da educação, uma revolução no campo
pedagógico. Já coloquei no meu pronunciamento anterior que não vejo nenhuma
revolução à vista nesse campo. Do ponto de vista científico não está provado
que o déficit nutricional das classes populares comprometa a sua capacidade de
construção do conhecimento, porque se assim fosse a juventude operária estaria
inevitavelmente incapacitada para o aprendizado e para a elaboração de
exercícios mentais mais complexos e nós sabemos que em conseqüência disso
estaria também incapacitada para o próprio exercício da cidadania e nós sabemos
que não é assim, inclusive, não só no campo científico, a essa questão no
mínimo são colocada sérias dúvidas como a nossa experiência como profissionais
da educação, trabalhando nas áreas periféricas, nós sabemos que as crianças das
classes populares são capazes de aprender mesmo sabendo que essas crianças são
oriundas de famílias que enfrentam o problema da subnutrição. Alguns até
aprendem de forma brilhante, agora, para que isso seja possível, e aí a questão
fundamental que não é atacada pelo CIEM, é preciso que a pedagogia utilizada
leve em conta a realidade concreta, respeite e valorize a bagagem cultural que
esses adolescentes da periferia trazem, o que na proposta do CIEM não é
questionado e citei aqui, inclusive, que no CIEM – e agora uso corretamente o
CIEM Larri Ribeiro Alves, da Vila Restinga – os professores tiveram que fazer
um dia de greve para conquistar o direito de se reunirem e discutirem a
pedagogia a ser utilizada, coisa que é um aspecto essencial sem o qual não
podemos pensar na questão da educação. Queria colocar também que nós entendemos
que é equivocada a idéia que está por trás de colocações deste tipo de
transformar a escola num órgão de assistência. Acho que é ingênua a posição que
considera que a escola possa compensar, com boa alimentação, com assistência, a
miséria e a marginalização crescente
e constante que o capitalismo selvagem, e há pouco o nobre Vereador se referia
a isso, que o capitalismo selvagem perpetua a todo o instante, o problema da
miséria e da marginalização no meu entender não se resolve no âmbito, só se
resolve no âmbito da participação política da classe trabalhadora, embora a
educação possa evidentemente contribuir para esse processo.
O Sr.
Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero dizer a V. Exª que me surpreendo muito com
as afirmações, sabendo que V. Exª é um emérito professor, acompanhou as lutas
do magistério, e não posso aceitar afirmações de que o CIEM é um luxo. Porque
garantir à criança pobre assistência médica, assistência odontológica, e
assistência alimentar não é luxo. E mais do que isso, V. Exª está afirmando
nada mais, nada menos, de que o pobre não precisa comer, que o pobre não
precisa se alimentar para aprender. Em resumo, é o que V. Exª está afirmando. E o que eu cobro de V. Exª e do seu
Partido é o seguinte: que não tiveram
a coragem em ter esse mesmo discurso em época de campanha eleitoral. E que
depois que ganharam as eleições estão aí na tribuna atacando os CIEMs, e em
nenhuma reunião de comunidade tiveram coragem diante das eleições de assumir
essa postura que estão assumindo agora depois de Governo. Essa cobrança eu faço
a V. Exª e ao seu Partido.
O SR. JOSÉ
VALDIR: Nobre Vereador, eu apenas estou
querendo relativizar porque distribuí, e essa é uma denúncia que nós recebemos,
distribuí meia xícara de café, com duas ou três bolachinhas de marca Neusa.
Isso não é providenciar boa
alimentação e quero colocar que nós não somos em absoluto contra a merenda
escolar, nós estamos apenas querendo relativizar esse aspecto que é, do meu
modo de entender supervalorizado, quando os Vereadores do PDT vêm a esta
tribuna. Nós queremos apenas relativizar esse aspecto e somos a favor da
merenda escolar, tanto que nós viemos do Movimento Popular que luta, há anos,
para que a merenda escolar seja melhorada em qualidade e quantidade. Quero
deixar isso bem claro. Acho que o nobre Vereador não está entendendo o sentido
da colocação. Estou apenas querendo colocar que o problema da marginalização
social é um problema político, é um problema que é conseqüência deste
capitalismo selvagem, que não é essa visão compensatória de educação que a
escola vai poder resolver os problemas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. CYRO
MARTINI (Questão de Ordem): Com relação
àquela exposição do nosso Ver. Wilson Santos relativamente a motos com
cilindradas inferior a 50, gostaria de fazer uma correção. Realmente aquela
resolução que permitia aos menores de 18 anos dirigi-las foi revogada. Vou
trazer no futuro maiores esclarecimentos a respeito.
O SR. PRESIDENTE:
Vereador, por gentileza, V. Exª pode fazer
por escrito e encaminhar aqui à Mesa, que a Mesa encaminha para a Taquigrafia.
Ver. Artur Zanella, cinco minutos com V. Exª, em tempo
de Liderança, sem apartes.
O SR. ARTUR ZANELLA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Com a história das bolachinhas marca Neuza e
marca Judite, fico pensando que tipo de acordo que temos aqui nesta Casa; se o
acordo é assim, imagine se houvesse alguma divergência entre os partidos. E
quanto à estrela do PT nas bolachinhas , efetivamente eu não vi. O que eu vi foi estrelas do PT, anteontem, nos “outdoors”
da Cidade, como uma doação das entidades de “outdoors” ao PT, espalhadas aí na
Cidade, as mesmas associações que eram tratadas aqui pelo Ver. Caio Lustosa
como poluindo a Cidade, etc., que ia tirar no outro dia. Mas as coisas
progridem e estão nos devendo inclusive a retirada das propagandas da Coca-Cola
que ia ser num dia, a retirada das propagandas de cigarros que ia ser feita no
dia 2; mas queria em primeiro lugar também dizer que eu vou perder um minuto
aqui para dizer ao Ver. José Valdir que a vinda do Vereador aqui para esta
Casa, ela não o deixa imune a nada. Nós tivemos Vereadores aqui que fizeram
sugestões, mas até hoje são ridicularizadas - esta é a vida! Um Vereador nosso
uma vez propôs telefones mais baixos para pessoas deficientes físicos, com
cadeira de rodas, e disseram que queria fazer telefone para anão. Outro propôs
que os cachorros fossem protegidos nos passeios, passaram a dizer que ele
queria um cachorródromo. Outro colega encaminhou um Voto de Pesar e o endereço
estava errado, passaram a dizer que ele tinha matado o sujeito. Então,
infelizmente, como V. Exª citou aqui o ex-Vereador Larry Pinto de Faria como
nome de CIEM, V. Exª nos próximos quatro anos vai ser a pessoa que matou o Ver.
Larry. É a vida. Aqui não são só
flores, tem o ônus efetivamente, quando as pessoas se enganam, não são
perdoadas. Hoje eu tentei consertar uma afirmação do Ver. João Motta que dizia
terem proposto a demissão de 120 funcionários, ele não me deu o aparte.
Provavelmente, ele queria falar em 120 mil funcionários. Às vezes nos enganamos
e pagamos por isso.
Então, toda a vez que aparecer o nome do Larry vão
ligar com V. Exª como tendo dado o nome de um CIEM na Vila Restinga. Mas eu estou
mais preocupado, Vereador, isso sim parece que eu estou defendendo o Collares, o que não é verdade, mas essa
sua afirmação de que eu tentei apontar que não está provado que o déficit
nutricional impede o desenvolvimento normal das pessoas e que as crianças das
classes populares têm condições de aprender, se fosse num regime nazista, num
regime fascista, eu aceitaria uma coisa dessas, porque na verdade existem
algumas pessoas nas vilas que tem condições de aprender. O Pelé, por exemplo,
foi uma pessoa pobre que conseguiu chegar a um nível atlético, mas a média, a
maioria da população que come mal não tem condições de aprender igual aos
outros. Dizer que o CIEM está longe da propaganda, provavelmente é verdade,
pois cabe à nossa nova Secretaria dar comida adequada para as pessoas, porque o
CIEM foi feito para educar e dar comida para as pessoas. Está falando aqui uma
pessoa cujo pai se sacrificou a vida inteira para que eu tivesse um turno pela
manhã e à tarde com alimentação, num internato, e eu tenho certeza absoluta que
quem não teve esse privilégio - e o meu pai era funcionário público estadual,
não pensem que ele era rico - não chegou onde eu cheguei. E todas as
estatísticas mostram que, nas universidades, os pobres tem menos gente, os
negros tem menos gente - e não porque sejam menos inteligentes, mas porque não
tiveram as mesmas condições que os outros. Isso é uma heresia, dizer que a
comida não ajuda uma criança a se desenvolver educacionalmente ou com qualquer
outro tipo de coisa. Pode parecer a alguém que consiga subir. Pode ser! Mas,
como regra, como norma, a pessoa bem alimentada tem que ter melhores condições.
Protesto de todas as formas contra esse tipo de afirmação que já ouvi ontem da
Secretária de Educação, que comida não traz benefícios. E eu vi e ouvi dizer,
ontem, num programa de rádio; o Ver. João Dib e o Ver. Omar Ferri estavam
juntos. Então, Sr. Presidente, para que essas coisas não passem em julgado, a
gente acaba defendendo aparentemente um outro Governo que não tem nada a ver
com isso, quando forem fechados os CIEMs, porque eles vão ser fechados, mais
dia, menos dia, não se diga que a Câmara Municipal de Vereadores, ou parte dos
Vereadores, assistiu passiva a esse tipo de ideologia de que uma pessoa mal
alimentada, de vila, tem as mesmas condições que uma pessoa que come bem e que
tenha dois turnos em qualquer curso particular. É este o meu protesto e o meu
registro neste dia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Nelson
Castan. V. Exª tem 10 minutos.
O SR.
NELSON CASTAN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, meu pronunciamento será sobre dois temas. Em primeiro lugar, quero
agradecer à Presidência da Casa, à Mesa e aos Companheiros Vereadores, Ver.
Airto Ferronato, Ver. João Motta, Ver. João Dib e outros que apoiaram nossa
iniciativa de formar uma comissão externa para acompanhar as tratativas no
sentido do esclarecimento do problema por que passa o BRDE e da manutenção
integral do Banco na sua forma de operação atual.
Nunca é de mais lembrar que o BRDE, hoje, tem uma
receita operacional que equivale a 1,5 à do BANRISUL. Vejam a importância desse
dado! O BRDE tem operações de crédito que valem 3,8 vezes o Banco Meridional do
Brasil; tem um patrimônio líquido equivalente a 33,2 vezes o da Caixa Econômica
Estadual. Eu entendo que os esforços no sentido do fracionamento do Banco e
mesmo da sua extinção escondem os interesses mais nefastos para com a economia
do nosso Estado. Nesse sentido eu entendo que o Governo Estadual tem tido uma
posição, uma atitude omissiva com relação a esse problema, uma vez que nós já
estamos há quase sessenta dias do problema do BRDE, da sua possível
insolvência, e há poucos dias, somente, que o Governador do Estado, Sr. Pedro
Simon, tomou uma atitude um pouco mais rigorosa. O BRDE se esvaiu durante
sessenta dias, perdeu a sua carteira de captação e isso representa uma ameaça
muito séria à economia do Rio Grande do Sul. Nós temos informação também de que
existe um relatório da Auditoria do Banco a respeito da aplicação feita no
PRODUBAN, no Banco de Alagoas, que deu origem a esse problema. E eu entendo e
acho que esta será uma das iniciativas da Comissão Especial, que esse relatório
têm que vir a público para aqueles funcionários, com a cobertura de quem quer
que seja, que fizeram essa aplicação, malversação dos fundos do BRDE, sejam
responsabilizados, para que a instituição não pague por isso. Uma coisa é um
problema administrativo, um desvio, um mau-uso; outra coisa é aproveitar esse
mote para pôr em risco o patrimônio do BRDE. Nós sabemos o que significa um
banco estatal: na Presidência da Carris fizemos uma operação FINAME para
renovação da frota, uma parcela que por sinal está sendo paga rigorosamente em
dia esse financiamento. Recorremos a vários bancos privados: BRADESCO, Nacional,
UNIBANCO; ITAÚ e todos esses nos fecharam as portas; quem nos apoiou foi o BRDE
e o Banco Meridional. Então, aquele que já esteve à frente do setor público, como administrador, sabe da importância
de ter um banco estatal, um banco sensível a determinados setores, a
determinados investimentos, que muitas vezes o banco privado não tem essa mesma
sensibilidade. Também por trás desse movimento, desse esforço para inviabilizar
o BRDE, obviamente estão os grandes conglomerados financeiros nacionais. E esses
grandes conglomerados agem através do Governo Federal, através do Banco
Central, que é o agente direto para inviabilizar, ou tentar a inviabilização do
BRDE. E esses grandes conglomerados são os grandes interessados nesse espaço de
lucratividade.
Pelos dados que eu dei aos senhores, o BRDE significa
um volume de negócios muito grande e, portanto, um potencial de lucratividade
correspondentemente muito grande. Então são esses conglomerados que estão por
trás. Infelizmente as autoridades monetárias nacionais, o Banco Central, se
prestam a esse serviço escuso, em nome desses interesses.
Eu fiz um apelo para que a Bancada do PT transmitisse ao Prefeito Olívio Dutra, no nosso entendimento um pronunciamento duro, incisivo, do Prefeito Municipal, para que não deixe dúvidas da importância da manutenção do BRDE. Até agora, salvo equívoco nosso, não temos ainda o pronunciamento do Sr. Prefeito. A sociedade porto-alegrense é uma das maiores interessadas na preservação integral do BRDE.
Em segundo lugar, eu quero fazer algumas considerações
a respeito de um pronunciamento do
Ver. João Dib, a respeito da Carris. Diz o Ver. João Dib, segundo a matéria na
Zero Hora de domingo, que a Carris tem uma tarifa 25% mais cara e que essa
tarifa é paga pela população. Ou seja, na opinião do Vereador essa tarifa
deveria ser 25% mais barata. Em segundo lugar, que a Carris tem as melhores
linhas e que mesmo assim recebe suporte financeiro do Município.
Em terceiro lugar, que a Carris é um exemplo para que
qualquer idéia de estatização do transporte não seja levada adiante, porque se
depreende um mal exemplo de administração pública. Em primeiro lugar, a tarifa
da Carris não é nem mais alta e nem mais baixa do que a tarifa média do sistema
de transporte de Porto Alegre. Eu tenho aqui o último cálculo tarifário da SMT
em que a diferença da tarifa própria da Carris para a tarifa média do sistema
se dá nos centavos. Essa opinião já conheço há muito tempo, esses dados, e o
Ver. João Antônio Dib, como homem experiente, também pode ter acesso a essas
informações. Com isso, os dados não são da Carris, são da Secretaria Municipal
dos Transportes e são dados comparativos. Se quisermos criticar a planilha de
cálculos, essa afirmação não seria alterada, uma vez que se alteraria tanto
para o cálculo da tarifa média do sistema, quanto para o calculo da tarifa da
Carris. Então, a primeira afirmação equivocada que foi feita, na minha opinião,
pelo Ver. Dib e que também foi feita pelo atual Secretário dos Transportes
Antonio Hohlfeldt na campanha, várias vezes da tribuna ele fez essa afirmação,
várias vezes na televisão eu vi o Ver. Hohlfeldt dizendo que a tarifa da Carris
deveria ser menor. Então, se ele continua pensando assim, por um dever de
coerência, a tarifa da Carris deveria estar reduzida a partir de 1º de janeiro.
Eu estou aqui cobrando coerência do Ver. Antonio Hohlfeldt, mas, ao mesmo
tempo, sou sincero em dizer que eu não gostaria de vê-lo ser coerente nesse
aspecto, porque ele estaria cometendo uma injustiça muito grande contra o
patrimônio da Cia. Carris Porto-Alegrense.
Em segundo lugar, o repasse que a Carris recebe não se
destina à operação da Carris, se destina ao convênio de funcionários que é
muito antigo e o Ver. Dib conhece. A Carris nos anos de 1987 e 1988 não recebeu
da Prefeitura Municipal um centavo sequer para a sua operação. Em terceiro,
acho que a Carris é um bom exemplo de administração pública, estou convencido
disto.
O Sr.
Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nos dez segundos que restam, procuraria dizer que em
relação à primeira parte da sua intervenção, Ver. Castan, é do programa do
partido que o banco, o sistema financeiro deva ser de investimento no sistema
produtivo e, portanto, esta é a defesa que se faz do BRDE, exatamente de acordo
com a tese exposta por V. Exª.
O SR.
NELSON CASTAN: A questão é que não
ouvimos, ainda, do Prefeito, na importância da sua autoridade, um
pronunciamento duro e claro nesse sentido. Eu acho que é uma força decisiva que
viria a se somar a esse nosso esforço conjunto, que é de todos nós. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Antonio Dib, em tempo de Liderança, pelo PDS.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
tenho dito muitas vezes, em tom jocoso, que árabe faz contas de cabeça. Eu sou
descendente de árabes, sou descendente de fenícios, e faço contas de cabeça.
Posso dizer, com orgulho, que, antes de mim ninguém calculou tarifas em Porto
Alegre. La, nos idos de 1958, pela primeira vez, se realizou um cálculo de
tarifas em Porto Alegre, e eu era o assistente técnico da Secretaria Municipal
de Transportes, cálculo que não foi utilizado, porque o Prefeito, à época,
entendeu que era mais fácil dar 40% a todos que solicitavam, do que utilizar o
cálculo. Mas, quando assumiu o Dr. Loureiro, dois anos depois, o cálculo ainda
valia, e aqueles que receberam tarifas de 4 cruzeiros, no cálculo, dois anos
depois, precisavam de 3 cruzeiros e 92 centavos. E quando eu afirmei que a
Carris tinha uma tarifa beneficiada, disse isso na Zero Hora, claro que o fiz
através de dados do Relatório da Administração Alceu Collares, que ali está,
que informa que a Carris transportava 102 passageiros, em média, por viagem, e
que as empresas particulares transportavam 81. Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, uma viagem daqui até a Restinga tem cerca de 70km, ida e volta. Na
informação da Secretaria Municipal de Transportes, ela leva 81 passageiros, na
média. Mas eu também já fui Secretário e vou dar mais 50% como média - 120
passageiros, a 120 cruzados, são 14.400 cruzados. Vamos tomar a Linha
Auxiliadora, que não leva 120 passageiros em média, leva muito mais. Mas eu vou
fazer o contrário, vou pegar apenas 80 passageiros, não vou pegar os 118 ou 120
que ela leva. E, nos 70km, também vou pegar menos, que ela só faz seis viagens.
Seis vezes 80 são 480. Quatrocentos e oitenta vezes 120 são 57.600 cruzados. Se
alguém me disser que 14.400 e 57.600 são iguais, eu não falo mais sobre
transporte coletivo no Brasil. E se eu digo que o exemplo de estatização está
pela facilidade que a Carris tem - e que é deficitária, não me digam o
contrário - é porque esta Cidade tem experiência, esta Cidade de Porto Alegre
já teve transportes sob a sua responsabilidade. Nós já transportamos 5% da
população em determinado momento, com 160 ônibus e tivemos um déficit anual, em
60 e em 61, de 300 milhões de cruzeiros. E 300 milhões de cruzeiros, para que
se tenha noção da dimensão do déficit, era o custo orçado da Hidráulica do
Menino Deus. E o que nós lemos aí, do Prefeito de Diadema e da Prefeita de São
Paulo, são os déficits da SMT e o Prefeito de Diadema dizendo textualmente que
"não importa a tarifa, o que importa é um bom serviço de ônibus". E
esse bom serviço de ônibus, enquanto ele foi bem estruturado, foi dado pelas
empresas particulares. Eu não sou defensor das empresas particulares, mas eu
tenho que defender esta Cidade. E eu quero que me digam que 57.600 e 14.400 são
iguais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Reunião às 14h06min.)
* * * * *